O carnaval de Belo Horizonte retomou nesse domingo a sua forma mais natural. O bloco Angola Janga, representante do movimento afro, desfilou cultura e melanina no Centro da capital. E foi bonito demais. Do trajeto entre a Avenida Álvares Cabral e a Praça da Estação ouviu-se muito axé e uma voz homogênea clamando por igualdade e o fim do preconceito. A movimentação começou tímida no ponto de concentração do bloco, mas gradualmente as pessoas foram chegando até tomar completamente a Rua Espírito Santo.
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Cada passo de dança e melodia da bateria foram acompanhados com empolgação do público. Pessoas se entreolhavam e apontavam para os braços, se mostrando arrepiadas. Victória Dias, designer, levou sua família ao bloco e considera muito importante um desfile com tanta força política. “É urgente que iniciativas como essa aconteçam, para que exista uma reconstrução da identidade negra.”
Cadê o Alcova
Também lutando contra as proporções apoteóticas que têm cercado o carnaval belo-horizontino, o bloco Alcova Libertina adotou o mistério. A organização não divulgou o local da folia até a véspera desse domingo. O resultado? A Praça da Lavadeira, no Bairro Colégio Batista, Região Leste de BH, ficou abarrotada de gente dançando e ouvindo grandes sucessos do rock. André Leal, produtor do grupo, definiu o espírito: “Sexo, drogas e rock’n’roll”.
Mesmo não interessados em aumentar o tamanho de sua festa e rejeitando o patrocinador oficial do carnaval de BH, a irreverência e o repertório do coletivo continua conquistando fãs. Cristiano Ricardo, de Carmópolis de Minas, trouxe a família para Belo Horizonte com o objetivo de curtir a folia. Segundo ele, a Alcova Libertina foi um dos motivos. “Eles permitem que pessoas que não curtem tanto as músicas tradicionais de carnaval também se divirtam. Estamos curtindo muito”, afirma.