Recife ferve com a temperatura alta e também com o Galo da Madrugada neste sábado (25) de manhã. O bloco, que é considerado pelo Guiness Book o maior do mundo, com 2 milhões de foliões, já começou a desfilar pelos bairros centrais da capital pernambucana. São 30 trios elétricos e seis alegorias para animar a população, tudo gratuito, sem cordas. Este ano os homenageados são os músicos Jota Michiles, com 50 anos de carreira, e Alceu Valença, com 70 anos de vida, além da lembrança ao centenário do apresentador José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha.
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"Esse grupo sai há mais de 30 anos no Galo, sempre procurando um tema atual e polêmico do país", explica Luiz Fernando Miranda, professor universitário. "A gente junta protesto com irreverência. Porque carnaval é alegria, mistura de ritmos. Então a gente aproveita a tragédia para fazer a parte cômica da coisa". Outro grupo de amigos que sai há 10 anos no Galo sempre com fantasia combinando se dividiu em dois. Os homens vieram de muro e as mulheres de mexicanas, em referência ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de construir uma nova barreira na fronteira com o México.
Até um frevo e uma coreografia foram organizadas para fazer a sátira. "Presidente, deixa disso e vem pra cá, vem brincar no Galo da Madrugada. Porque no carnaval pernambucano, o Trump abre o muro para os mexicanos", diz a letra, enquanto o muro se desfaz e as mulheres passam. O agrônomo Gustavo Bruno Moreira de Castro, 57, representou Donald Trump, com uma maquiagem alaranjada no rosto e uma peruca loira. "É uma coisa que todo mundo é contra, essa ideia de criar um muro entre países irmãos", opina, imitando um sotaque em inglês.
Dragão × Galo
Uma atração que deve animar também é uma supresa programada pelo bloco. O presidente do Galo da Madrugada, Rômulo Menezes, disse que esse ano um dragão chinês vai aparecer no meio da multidão. "A China tem um calendário que associa cada ano com um animal. Esse ano é do Galo, então vamos fazer a homenagem".
Por outro lado, a estátua gigante do Galo, instalada na Ponte Duarte Coelho, é alvo de críticas e piadas nas redes sociais, porque tem um porte menor que o de anos anteriores. Nesta edição houve mudança no idealizador da escultura. Menezes defendeu o projeto atual: "Quando você muda a cozinheira alguém reclama que a comida está diferente. É normal. A gente tem que mudar, sair da mesmice". O bloco percorre 6 quilômetros por quatro bairros do Recife e acaba apenas no fim da tarde. A dispersão acontece por volta das 18h30 na Rua do Sol, bairro de Santo Antônio.