A maquiadora Maria Flor de Souza, de 30 anos, moradora do Bairro São Lucas, na Região Leste da capital, já está com a mochila pronta. O primeiro carnaval ao lado do filho Dom, de 10 meses, pede alguns cuidados especiais. “Agora, só vou nos desfiles de bloco de manhã, né? Vou tentar levar guarda-sol, protetor solar e comidinha para alimentar meu filho”, diz. Maria Flor levou o filhote para a Feirinha Carnavalesca, no bar e galeria de arte Benfeitoria, na Região Leste da capital, a fim de olhar alguns acessórios e manter o charme no reinado de Momo.
Maria Flor conta que, no ano passado, sambou “gravidíssima” no desfile do bloco “Juventude Bronzeada” e comemora a primeira folia ao lado do filho. Preocupada com o menino, ela lembra, no fim da conversa, um detalhe muito especial para a saúde. “Vou ter que levar algodão para colocar no ouvido do Dom, pois tenho certeza que ele não vai aguentar o barulho”, afirma.
SEXO SEGURO Numa loja de fantasias no Centro da capital, um grupo de jovens conversa sobre os planos para o carnaval, enquanto testa máscaras, maquiagem e fantasias. “Muita cerveja e muito sexo até o sol raiar”, dizem. Ao lado, um amigo comenta que, para fazer tudo isso, é preciso “muita energia” e cuidados necessários, como uso de preservativo, boa alimentação e moderação na “birita”
Em Minas, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) já distribuiu cerca de 5 milhões de preservativos na capital e interior, os quais serão entregues aos foliões durante o carnaval. Por enquanto, os meios de comunicação ainda não começaram a veicular a campanha do Ministério da Saúde (MS) e da SES.
Segundo a enfermeira Jordana Costa Lima, coordenadora da área de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids e Hepatite Viral), nomenclatura mais ampla e recente do MS em substituição a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), a população, principalmente os jovens, deve estar atenta ao avanço da sífilis, doença campeã em notificações, em Minas, em 2016, com mais de 6 mil casos.. A orientação da especialista é para que a camisinha seja usada para evitar o pior, em especial neste período em que a atividade sexual é mais acentuada e há muito consumo de álcool. “As pesquisas mostram que 94% dos jovens sabem que devem usar o preservativo, que é a barreira mecânica eficaz, mas apenas 45% usam”, afirma.
E AGORA?
Uma novidade é que, logo após o carnaval, a SES vai lançar uma campanha dirigida aos que se expuseram ao risco das IST (Aids, sífilis e hepatite viral) durante o carnaval e, na quarta-feira de cinzas se perguntam, temerosos: “E agora?” O teste, explica Jordana, deverá ser feito a partir do 30º dia do contato sexual, quando é possível verificar se houve multiplicação do vírus.
O que não pode faltar
>> Camisinha
>> Repelente contra insetos
>> Vacinação em dia contra a febre amarela (para fazer efeito, são necessários 10 dias após a imunização)
>> Muito filtro solar
>> Bastante água para hidratar
Turistas estrangeiros
A preocupação não tem limites. A Organização Mundial da Saúde (OMS) está recomendando a turistas estrangeiros que estejam pensando em viajar a áreas de risco no Brasil, para o carnaval, que tomem vacinas contra a febre amarela 10 dias antes de embarcar. Em um comunicado publicado na quarta-feira, em Genebra, na Suíça, a entidade ampliou as “áreas de risco” da doença no Brasil, incluindo novos municípios da Bahia, do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. A OMS aponta que “atualmente, não existe evidência de transmissão do vírus da febre amarela nas grandes áreas metropolitanas da costa leste, como Rio, Salvador ou São Paulo”.