Veja fotos do Bloco Manjericão
Confira imagens do I Wanna Love You
Sem dono, a festa era para todos. Bastava chegar. E pelo menos 1 mil pessoas acompanharam a bateria do Manjericão, que tocou de tudo no trajeto entre a portaria do Minas Tênis Clube, na Rua Trifana, até o Bar do Zé Pretinho, na Rua Herval, na entrada do Aglomerado da Serra. “É o nosso quinto ano. Saímos pela primeira vez em Santa Tereza com o propósito de perfumar as ruas”, lembra a idealizadora Janaína Macruz, de 31. Antes de vir para a folia, ela deu um pulinho no sacolão para comprar manjericão para quem quisesse, mas não teve tempo de comprar.
IMAGINAÇÃO
Em outra região, a folia foi ao som de Bob Marley no I wanna love you. O pó colorido jogado nos foliões deu um brilho à festa e o que que não faltou foi imaginação. A bióloga Camila Rabelo, de 31 anos, foi fantasiada de “índia filho do boto cor de rosa” e carregou seus três “filhos”, dois bonecos, que ela chama de Benedito e Benedita, e uma macaquinha de pelúcia, a Luiza, agarrada ao seu braço. “Acompanho o bloco desde que ele nasceu e sempre carrego a minha família”, brinca a bióloga, que mora no Bairro Floresta, também na Região Leste.
As mãos do administrador Flávio Meira, de 29, estão cheias de calos de tanto tocar na Bartucada de Diamantina, cidade histórica do Alto Jequitinhonha, onde passou os quatro dias de carnaval. Ele conta que o pensamento dele estava o tempo todo no I Wanna Love You e que saiu correndo depois da apresentação de terça-feira para voltar para a capital. “Tenho 25 anos de carnaval em Diamantina, mas a folia de BH está surpreendendo muita gente e eu não queria ficar de fora, mesmo que fosse na quarta-feira de cinza. O I Wanna Love You é outra vibe”, disse o administrador.
Orgulho e olho no futuro
Não há quem desfilou pelas ruas de Belo Horizonte que não ficou orgulhoso da maneira como a cidade brincou o carnaval, mas todo mundo se pergunta como será a festa de agora para frente. O diretor da Associação Comercial de Minas Gerais (ACMinas) José Osvaldo Guimarães Lasmar defendeu que a festa entre para a programação oficial do estado, em ação conjunta da Secretaria de Estado do Turismo e da Belotur. No entanto, ele considera que a folia não pode perder o caráter de vanguarda como foi demonstrado no Bloco do Manjericão, pelo qual ele se encantou na manhã de ontem. Ele encontrou os foliões por acaso, mas gostou tanto que entrou na festa. “É um carnaval politizado e descontraído”, avaliou.
Para a professora da Escola de Arquitetura da UFMG Natacha Rena, o carnaval de BH sempre terá espaço para todos: os grupos com uma proposta mais política de ocupação do espaço público e para quem quer apenas festejar. No entanto, ela considera que o poder público deve garantir a ocupação democrática desses espaços . Ela se queixou da maneira como as fontes das praças funcionaram . De acordo com ela, na Savassi e na Praça da Liberdade, regiões mais nobres, as fontes ficaram ligadas, ao contrário da Praça Raul Soares e da Praça da Estação, locais por excelência dos blocos que fazem uma discussão sobre a ocupação da cidade.
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“O pessoal não entende o que é carnaval de rua. É um tipo de festa que não fazia parte da cultura de BH e os foliões devem ter mais educação, como não sujar as ruas e não entrar no meio da bateria. Os ambulantes também devem ter um espaço próprio para eles. Eles não devem ficar circulando no meio da festa com caixas e outras coisas. Mas, no quesito alegria, a nota é 10”, avalia a bióloga, que considerou a festa muita tranquila.
O dono do tradicional Café com Letras, na Savassi, Bruno Golgher, diz que é importante o ressarcimento dos danos cometidos. Ontem, ao voltar a trabalhar, o quadro negro usado para escrever o cardápio havia sido arrancado. Um corrimão de metal foi retorcido e o canteiro de plantas pisoteado. “Tive que fechar as portas no sábado por causa de um baile funk em frente. Não era um evento organizado. Uma pessoa simplesmente parou um carro e colocou um som na maior altura.”