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Organizadora do Baianas Ozadas aponta falhas da PBH na estrutura do carnaval

''A luta dos organizadores dos blocos é para que o carnaval de rua seja enquadrado como manifestação cultural e não como evento'', explica Renata Chamilet

Artigo: não dá para começar a conversar dois meses antes
Por Renata Chamilet, organizadora do Bloco Baianas Ozadas

É nosso quarto carnaval. Começamos com sete pessoas. Este ano, nenhum bloco ficou do mesmo tamanho. Todo mundo cresceu, no mesmo tempo em que tantos outros blocos surgiram também. A gente já vem há algum tempo conversando muito timidamente com o poder público, participando de audiências na Câmara Municipal. A luta dos organizadores dos blocos é para que o carnaval de rua seja enquadrado como manifestação cultural e não como evento.

 

Em 2014, tivemos uma grande vitória, que foi a autorização para a venda de bebidas alcoólicas por ambulantes durante o carnaval. Em 2013, quando procuramos os bares do trajeto do Baianas para saber se eles iriam abrir as portas para o nosso público, eles riram. “Abrir no carnaval?”. É preciso que todo mundo entenda que Belo Horizonte tem carnaval. Precisamos com urgência de uma legislação específica para o período.

 

É preciso rever questões como sonorização, tempo e espaço de circulação de veículos de som e fechamento de vias públicas. A Avenida Afonso Pena é fechada aos domingos para a feira de artesanatos. A população sabe disso e busca rotas alternativas. Tem que ser assim com o carnaval. Com informação em tempo hábil para o cidadão não sair prejudicado. Não é sugerir “evite estacionar”, em avisos, como ocorreu na Avenida João Pinheiro. Muitos carros ficaram presos por causa disso. É proibir com responsabilidade.

 

O carnaval precisa ser bom para quem gosta e para quem não gosta da folia. É preciso diálogo entre população, organizadores e autoridades. Especialmente pela segurança das pessoas. O xixi, o lixo, são ruins? São. Mas é possível contornar. Agora, e se uma pessoa se machuca? Portanto, volto a dizer, é preciso ter responsabilidade.

 

Sinto que a Belotur até tem disposição para acertar. Quer fazer o melhor. Mas parece que está sozinha. Com a BHTrans é bem mais difícil. A única ajuda do prefeito é não proibir. Este ano, fiquei preocupada. E as pessoas nas ruas me surpreenderam muito positivamente. O folião de BH está aprendendo a alegria do carnaval nas ruas, na multidão. Ainda que faltem lixeiras, por exemplo, já tem muita gente andando com o seu lixo até encontrar uma lixeira.

 

Não dá para começar a conversar sobre o próximo carnaval dois meses antes. Uma festa de casamento para 500 convidados começa a ser organizada dois anos antes. Precisamos de uma comissão permanente que trabalhe pensando no melhor para todos.