Uma disputa acirrada entre África e Minas Gerais, decidida por décimos, rendeu a vitória à Beija-Flor no carnaval do Rio de Janeiro. O enredo inspirado nas riquezas da culturais da Guiné Equatorial marca o 13º campeonato da escola, que neste ano alcançou 269,9 pontos no placar total — vantagem mínima de 4 décimos contra os 269,5 do Salgueiro, segundo colocado. A segunda colocada celebrou a culinária mineira na avenida. Na sequência vieram Portela e Unidos da Tijuca, ambas com 259,10 e, depois, Grande Rio, com 259,00.
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Confira imagens do Salgueiro, vice-campeão
Uma das maiores surpresas no campeonato em 2015 ficou por conta da Mocidade Independente de Padre Miguel. Apontada entre as favoritas por amantes do carnaval, a agremiação não conseguiu mais do que a sétima colocação.
A apuração ainda arrancou suspiros dos torcedores da Viradouro, que manteve-se em último lugar ao longo de toda a disputa e despediu-se novamente do Grupo Especial, rebaixada à série A do carnaval carioca. A escola havia retornado há pouco ao time das maiores agremiações, vencendo o grupo de acesso em 2014.
Enredo polêmico
O enredo 'Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade', homenageando a Guiné Equatorial, rendeu críticas à direção da Beija-Flor, acusada de alinhar-se em interesses econômicos com um dos mais longevos ditadores africanos. O país de 700 mil habitantes situado na África e governado há 35 anos por um ditador rendeu à escola inspiração para um desfile luxuoso e tecnicamente correto.
A agremiação de Nilópolis teria recebido R$ 10 milhões do governo guiné-equatoriano para adotar o enredo — nenhuma das partes confirma o valor. O país é um dos maiores produtores de petróleo do continente africano. Só uma autoridade do país homenageado desfilou: Benigno-Pedro Matute Tang, embaixador de Guiné Equatorial no Brasil.
Outros integrantes do governo, entre eles o vice-presidente, Teodoro Nguema Obiang Mangue, o Teodorín, filho do presidente, acompanharam o desfile de um camarote particular, de onde Teodorín acenou bastante quando o embaixador passou sobre o carro alegórico.
Identificada com desfiles sobre a cultura africana, a Beija-Flor usou o enredo para enaltecer aspectos da natureza e da cultura do país homenageado, sem menção ao governo do ditador. Algumas alas tinham coreografias inspiradas em danças africanas.