Eles não são badalados como os músicos, chamativos feito os dançarinos nem procurados e solicitados quanto os ambulantes do isopor. Podem passar cinco horas de braços abertos, mãos entrelaçadas, respirando fumaça do escapamento do trio elétrico, e mesmo assim atravessar o carnaval inteiro sem ser notados – isso, claro, se o folião não quiser se jogar diante do caminhão de som ou meter seu tamborim no meio da bateria sem ser chamado.
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Sagrado e profano se misturam no desfile dos blocos em Ouro PretoBelo Horizonte teve dia de público recorde no carnaval 2015; veja quem desfila hojePerformance do Homem-Aranha em Olinda esteve ameaçada de não ocorrerDiamantina barra ambulantes clandestinos durante o carnavalFoliões de BH montam kit de sobrevivência para aproveitar o carnavalPúblico no domingo de carnaval em BH pode ter passado de 100 mil, segundo a PMDesfile dos blocos caricatos de BH vai começar com atrasos por causa da chuvaViradouro abre desfile das escolas de samba no Rio sob chuva forteAté eu, que nunca tive muitas habilidades para o carnaval, me senti útil quando impelido a ajudar o bloco Pena de Pavão de Krishna a descer a ladeira da Rua Além Paraíba, no Bairro Lagoinha – reduto da boemia belo-horizontina até a década de 1970, que voltou a experimentar o ar da folia graças a um dos blocos carnavalescos mais originais, inventivos e coloridos da capital. E, acreditem: a experiência, à parte pisões e alguns roxos no braço, é gratificante e divertida. Uma espécie de área VIP da folia, com visão privilegiada e garrafas de água, cerveja, vinho e catuaba rodando entre os membros no único momento em que as mãos se soltam.
Mas a existência do cordão humano tem outra importância, além da organizacional. Ela extingue a necessidade das cordas, que, segundo a concepção dos organizadores, remontam à segregação das grandes micaretas. Ontem, mais uma vez, o Pena de Pavão de Krishna mostrou que é possível fazer uma festa inclusiva, para todos os públicos, sem abrir mão de sua identidade – uma mistura do sagrado e profano, da espiritualidade Hare Krishna com o batuque do afoxé.
Assim como o cordão humano, os rostos azuis continuam indo contra a corrente – e dão sinais de que continuarão resistindo por muito tempo.