Band demite apresentadora de rádio após áudio racista vazar
PATROCÍNIO:
Mãe e filho autistas: o desafio de enfrentar as festas de carnaval
Barulho, muitas pessoas e luzes podem provocar uma sobrecarga sensorial, transformando a festa em uma experiência estressante e desesperadora para o autista
A dificuldade para lidar com as mudanças é um traço comum entre os autistas. Apesar dos desafios, Sol, que é nutricionista, tenta ver a situação da melhor maneira possível. "Pode ser uma oportunidade para estimular crianças e adultos com TEA a ter novas experiências. É só conhecer seus limites e preferências", conta.
Leia Mais
"Mudamos esse ano. O Dudu viajou com o pai e eu viajei para Salvador, pela primeira vez iremos participar de um carnaval e a expectativa é grande”, relata. Mesmo animada, Sol permanece com um pouco de receio com a mudança de cenário em um momento de tanta agitação.
Meneghini acredita que a doença não deve impedir as famílias de introduzir novidades na rotina, desde que os limites das pessoas sejam respeitados. "Sempre respeitando as preferências e limites da pessoa com TEA, é importante trazer novos elementos, como a nossa viagem, para tornar o contato com o novo um processo menos problemático".Para tornar o processo mais tranquilo, a nutricionista faz algumas sugestões: "Aos pais, levem fones abafadores de ruídos para conforto das pessoas que apresentam hipersensibilidade auditiva ou cartões explicativos para se apresentar a outras pessoas. Levar também algo que a criança goste, porque muitos autistas têm objetos que gostam bastante, daí os acalmam."
"O ideal é que os pais ou responsáveis façam um planejamento antecipado, com explicações para preparar a criança, apresentando o que é o carnaval e como funciona, para que ela já saiba o que é. Algumas coisas, como o barulho, local com muitas pessoas e luzes podem provocar uma sobrecarga sensorial, transformando em uma experiência estressante e desesperadora para o autista", orienta.
Para as crianças que ainda não são acostumadas com a época de folia, Sol sugere outros locais para se divertir durante o feriado, como festas com a família dentro de casa ou festas a fantasia com os amigos. A nutricionista também ressalta que é importante estar alerta ao comportamento da criança.
"As frustrações, filas, a demora no atendimento, no pedido de comida em restaurante, a falta de empatia das pessoas, porque as vezes algumas crianças ficam estressadas e gritam, daí pensam que é birra e não é. O grito, o choro, é um pedido de ajuda, tipo: minha cabeça não aguenta, por favor, ajude", finaliza.
“Existem milhões de pessoas vivendo atualmente no Brasil com autismo”
O médico Vital Fernandes Araújo explica que o autismo faz com que as pessoas sintam, vejam e ouçam o mundo de maneira diferente. “Todas as pessoas autistas compartilham certas dificuldades. No entanto, a deficiência de desenvolvimento ao longo da vida afeta cada indivíduo de maneira diferente, a depender do espectro da condição”, explica.
No caso das crianças, o barulho tem um grande impacto no desenvolvimento e na saúde mental. Sendo assim, durante os períodos festivos, como no carnaval, o nível de sons altos podem ter um efeito negativo nos pequenos.
“Os sons altos podem provocar estresse e ansiedade em crianças autistas, com uma sensibilidade maior aos estímulos. Além disso, elas podem reagir de maneira diferente aos demais, sendo comum a agitação, gritos e comportamentos auto-agressivos. Por isso, é importante que os pais e cuidadores saibam como lidar com essas reações e saibam quando é necessário buscar ajuda profissional”, ressalta.
Apesar disso, o médico esclarece que não é necessário deixar as crianças de fora das festas comemorativas, e cita algumas estratégias para levarem os pequenos para a folia. “As simulações prévias, com estímulos sensoriais e simulações do festejo em domicílio podem antecipar reações e preparar o autista. Mas vale ressaltar que esse deve ser um momento prazeroso, valendo dos familiares respeitar a vontade da criança e sempre assegurar fornecer um espaço seguro e confortável para a criança”, finaliza.