
Na última sexta-feira (13), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou que o Museu de Arte da Pampulha (MAP) ficaria temporariamente fechado, devido a problemas hidráulicos e elétricos. No dia seguinte, seria aberta no museu a exposição 7ª Bolsa Pampulha, reunindo os trabalhos dos 10 artistas de cinco estados que participaram do programa de residência artística. A bolsa é uma realização da PBH, via Fundação Municipal de Cultura (FMC), em parceria com o JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia, selecionado por meio de edital.
A FMC anunciou, ainda na sexta, que a exposição não seria aberta, em razão do fechamento do museu. Após negociações entre os artistas, o JA.CA e a fundação, no entanto, decidiu-se pela realização do vernissage, entre as 14h e as 18h de sábado (14). Desde então, o espaço foi fechado e, segundo a Fundação Municipal de Cultura, ainda não há data certa para sua reabertura.
"Está difícil engolir que uma exposição que foi pensada durante seis meses dentro do Museu de Arte da Pampulha tenha sido quase impedida de abrir as portas no dia marcado", diz a artista Dayane Tropicaos, de Contagem, uma das bolsistas.
"Está difícil engolir que uma exposição que foi pensada durante seis meses dentro do Museu de Arte da Pampulha tenha sido quase impedida de abrir as portas no dia marcado", diz a artista Dayane Tropicaos, de Contagem, uma das bolsistas.
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Artistas da mostra que foi suspensa no MAP contam como são suas obrasPeças do Festival Cenas Curtas dão o recado em apenas 15 minutosPara festejar seus 90 anos, Fernanda Montenegro lança livro de memóriasEla relata que os artistas ficaram sabendo que o museu seria interditado no final da tarde de quinta-feira (12), enquanto a mostra estava sendo montada. "Tivemos que negociar durante toda a sexta-feira (13) algo que era inegociável. A abertura da exposição precisava ocorrer. Não era possível adiar uma abertura planejada há meses um dia antes. Nós nos desdobramos para que a exposição acontecesse no sábado”, diz Dayane.
A obra de Dayane fala sobre uma revolta futura iminente que provocará transformações sociais e econômicas. São abordadas questões em torno das relações de trabalho de subalternidade, da opressão vivenciada pelas classes mais pobres, do apagamento histórico da cultura negra, apontando para um futuro de descolonização e uma reparação histórica. A instalação é formada por vídeos, uniformes em cabides e texto impresso em formato cartaz.
"Pensei muito nos postos que as mulheres negras ocupam dentro do mercado de trabalho, considerando todo o contexto social em que estão inseridas no Brasil. A partir de encontros e conversas com as mulheres convidadas a participar, criei uma espécie de simbologia sobre o que elas estão buscando, o que enfrentam, de uma forma que representasse uma força para essas mulheres. E digo mulheres negras da periferia, que continuam se esforçando muito mais do que a maioria da população para conseguir o mesmo, os mesmos direitos e cargos", afirma Dayane.
A artista belo-horizontina Sara Lana afirma: "Em reunião com a FMC, entendemos que o museu precisa de reparos desde 2014 e, de lá para cá, ocorreram diversas exposições. Gostaríamos de saber de quem partiu o pedido de vistoria e quais as mudanças encontradas do último para o atual laudo. Como a vistoria aconteceu com a exposição já montada, temos o receio de ser um boicote. Por isso é importante um comparativo para entender qual a grande mudança no museu que impossibilita a atual exposição, sabendo que, até no mês passado, havia exposição e programação abertas ao público".
A artista belo-horizontina Sara Lana afirma: "Em reunião com a FMC, entendemos que o museu precisa de reparos desde 2014 e, de lá para cá, ocorreram diversas exposições. Gostaríamos de saber de quem partiu o pedido de vistoria e quais as mudanças encontradas do último para o atual laudo. Como a vistoria aconteceu com a exposição já montada, temos o receio de ser um boicote. Por isso é importante um comparativo para entender qual a grande mudança no museu que impossibilita a atual exposição, sabendo que, até no mês passado, havia exposição e programação abertas ao público".
De acordo com Sara, já foi feito o pedido junto à FMC do laudo anterior para comparação com o atual, que determinou o fechamento do museu. "Sendo um caso emergencial, essa vistoria deveria ter ocorrido antes de terem montado a exposição", diz.
A assessoria de comunicação da FMC não respondeu especificamente as questões encaminhadas, mas optou por enviar um texto no qual afirma: “A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura e Secretaria Municipal de Cultura, informa que, por problemas elétricos e hidráulicos, as atividades do Museu de Arte da Pampulha foram suspensas provisoriamente”.
Segue o texto: “Com o intuito de não prejudicar a exposição do projeto Bolsa Pampulha, prevista para o espaço, a Prefeitura garantiu a abertura da mesma, realizada no último sábado, dia 14, e está tomando todas as providências emergenciais para reabrir o Museu nos próximos dias, realocando as obras dentro do próprio espaço e mantendo a integridade da exposição e a segurança dos visitantes e funcionários.
Estamos em contato com os artistas e nos colocamos à disposição para viabilizar a retirada das obras caso seja o desejo deles, mas reafirmamos que estamos trabalhando para restabelecer as atividades no museu, inclusive a visitação da exposição.
A Fundação Municipal de Cultura e a Secretaria Municipal de Cultura reafirmam seu compromisso com o fomento e promoção da produção artística contemporânea. O Bolsa Pampulha é um programa de estímulo à produção em Artes Visuais que existe há 16 anos, constituindo-se como importante política pública municipal, de alcance nacional. Além de fomentar e promover jovens artistas-pesquisadores, o Bolsa Pampulha se destaca pela liberdade da criação e da expressão desses atores sociais, por meio da arte e da cultura”.
No segundo momento, explora imagens de câmeras instaladas em quinas onde sempre viveram as aranhas. "As imagens são tapadas por teias de aranhas, que disputam espaço com as câmeras. São as aranhas trabalhando pela contravigilância e garantindo nossa privacidade", diz a autora. No terceiro movimento, cenas e câmeras posicionadas em ângulos e locais inusitados, como dentro de um forno que prepara coxinhas, em um farol ocupado por moscas ou em um criadouro de avestruz.
O baiano Alex Oliveira classifica a suspensão da mostra como "uma falta de respeito com todos os artistas selecionados, ainda mais com os artistas que vieram de fora e estão há seis meses residentes em Belo Horizonte”. Ele diz que “abrir uma exposição durante somente um dia é demasiadamente desgastante e frustrante. Denota uma espécie de censura mascarada, que não revela motivos explícitos, mas dá margem para uma série de interpretações".
Alex Oliveira desenvolve um trabalho que relaciona fotografia, performance e intervenção urbana. No período de residência no Bolsa Pampulha, o baiano levou para o coração de Belo Horizonte uma espécie de alusão à fotografia lambe-lambe. Montou um estúdio fotográfico improvisado na Praça Sete, no Centro, e convidou quem estivesse por ali para ser fotografado.
Buscando investigar a performatividade expressa nos gestos cotidianos dos que, todos os dias, transitam e habitam a cidade, retratou trabalhadores autônomos, vendedores de cadarços coloridos e doces, compradores de ouro e retratistas de imagens 3X4, fazendo surgir o que ele define como fotoperformance popular, exatamente o título de sua obra.
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