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Muro no Bairro Santa Tereza é coberto por versos de poesia

O muro do metrô em Santa Tereza se transformou em folha em branco para versos de escritores da Confraria de Poetas de Belo Horizonte. A curadoria foi feita pelo poeta Antônio Galvão, idealizador do projeto. Além de Galvão, emprestaram os versos Irineu Baroni, Márcio Araújo, José Hilton Rosa e Pilar Bernardes. Para colocar os versos no muro, Galvão convidou grafiteiros para integrar o projeto.

“Há muitos anos estou com esse projeto formulado e escrito. A ideia inicial era fazer um corredor cultural em vilas e favelas. Sou frequentador do Bairro Santa Tereza. Via o muro, da Rua Conselheiro Rocha até o metrô de Santa Tereza, muito abandonado”, conta. Galvão decidiu então fazer uma convocatória aos integrantes da Confraria de Poetas, que aceitaram a empreitada de imediato.

Os poemas tratam de temas variados, que vão das aflições da alma humana às questões ambientais, passando pela vivência nos espaços urbanos.
Além da produção dos poetas da confraria, foram escolhidos textos de autores consagrados, como Fernando Pessoa, Manoel de Barros, Castro Alves e Pedro Nava. Também foram transcritas para o muro citações de líderes pacifistas, como Martin Luther King, Mahatma Gandhi e Chico Xavier. “Procuramos fazer uma seleção ecumênica”, afirma.

Embora tenha contado com a participação de grafiteiros, as inscrições não são acompanhadas de muitos desenhos, deixando quase todo o espaço reservado aos versos. “Queremos privilegiar a literatura e a palavra”, diz Galvão. Para ele, a poesia cumpre um papel fundamental neste momento de tensão e acirramento que o Brasil atravessa. “A poesia tem a capacidade de transformação e recriação da realidade. Podemos rever o mundo por meio da literatura, que compreende a alma humana”, diz.

Ele acredita na potência dos poemas do muro, que ativam a sensibilidade de quem passa por lá e se defronta com os versos.
Com formação em psicanálise, Antônio Galvão lembra que os seres humanos são tomados por pulsões de vida e morte. “Há muito desejo de morte, de confrontação. A poesia existe em outro campo. O mundo não é só isso e aquilo. Tem o meio de caminho.”

A poesia, ele afirma, é um bálsamo para as desilusões do mundo. “Ajuda a aliviar as tensões internas. Aquilo que as pessoas não conseguem falar os poetas traduzem em palavra. Os poetas decodificam o que as pessoas ainda não falaram. A poesia é a linguagem profunda da alma.”

Diante da boa aceitação que o público destinou ao projeto, o poeta pensa em estender a iniciativa a outros bairros da cidade.
“A proposta é levar a poética e a poesia de maneira sintética para que as pessoas possam ler e se sensibilizar com a boa leitura. São mensagens positivas.”

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