Ana Paula Maia e Santiago Nazarian discutem suas obras no 'Sempre um Papo'

Autores incorporam elementos da cultura de massa em seus novos romances, 'Assim na Terra como embaixo da Terra' e 'Neve negra'

Ana Clara Brant

Santiago Nazarian lança seu nono livro, 'Neve negra'. - Foto: Sempre um Papo/Divulgação

Em 2011, a escritora carioca Ana Paula Maia veio a Belo Horizonte para lançar o livro Carvão animal, no projeto Sempre um Papo. No mesmo evento estava o colega Santiago Nazarian para promover Pornofantasma, então a sua obra mais recente. Seis anos depois, os amigos estão de volta ao projeto para um debate e o lançamento de suas novas publicações: Assim na Terra como embaixo da Terra (Record), de Ana Paula, e Neve negra (Cia das Letras), de Santiago. O reencontro será na noite desta quinta-feira, 03, no auditório da Cemig.

 

Santiago comenta que tem aspectos em comum com a colega. ''A gente tem a mesma idade, teve um começo mais ou menos junto e nossa literatura não é comercial nem elitizada e tem um equilíbrio entre literário e o pop. A Ana me mandou o primeiro livro dela para eu dar uma olhada, eu escrevi a orelha do seu segundo livro. Vira e mexe a gente está se esbarrando'', relata.


Nona obra do escritor paulista, Neve negra mescla terror psicológico ao drama familiar, para apresentar a figura de um homem com dúvidas sobre a paternidade e a relação com seu filho. Pintor bem-sucedido, ele viaja muito e tem pouco tempo para se dedicar à família.

Ao retornar à cidade natal, na Serra Catarinense, em uma noite fria de inverno, depara-se com uma situação insólita que o faz questionar seu papel como pai. ''Outro dia ouvi um termo que acho que se encaixa muito bem com a proposta do meu livro que é 'pós-terror'. Ele se refere a essas obras que vão além do susto, que levam a uma reflexão. Em Neve negra tem questões existenciais, o humor negro'', analisa.

Assim na Terra como embaixo da Terra, de Ana Paula Maia, se passa em uma colônia penal isolada, de onde não se pode escapar. Mesmo diante das dificuldades, os presos matam o tempo criando planos de fuga e maneiras de escapar da ameaça de serem mortos pelos guardas. A autora diz que sempre teve vontade de escrever sobre o sistema carcerário e acabou se aprofundando no assunto. Assim como no trabalho anterior, De gados e homens, o confinamento está mais uma vez presente. ''Acabei entrando em um outro tipo de confinamento. Quis focar em uma colônia penal agrícola e não necessariamente em um presídio. Acredito que esta seja a minha história mais alegórica e tem influência de Velho Oeste, tem caçadas, tem essa coisa de mesclar o homem com o animal'', comenta.


A escritora – que hoje vive em Curitiba – acredita que a produção brasileira contemporânea é bem diversificada e rica em temas e autores. E comemora o reconhecimento crescente. ''Há um interesse muito grande, sobretudo de fora. No meu caso, meus livros têm sido muito bem recebidos na Europa ou na Argentina.''

 

Sempre um Papo
Bate-papo e lançamento dos livros de Ana Paula Maia e Santiago Nazarian.

Quinta-feira, 03, às 19h30, no auditório da Cemig (Rua Alvarenga Peixoto, 1.200, Santo Agostinho). Entrada franca.

.