Quando o assunto é bambu, duas imagens vêm à memória: a dos pandas em suas refeições ou o acesso entre o Aeroporto Internacional de Salvador e a capital baiana.
Muita gente também não faz a menor ideia da utilização do bambu como filamento nas primeiras versões da lâmpada de Thomas Edison, e na estrutura do 14 Bis e a Demoiselle, aviões de Santos Dumont. Em tempos modernos, é matéria básica para obras de artistas japoneses contemporâneos que desafiam a gravidade, mostrando toda a leveza e flexibilidade.
Tudo isso e mais um pouco está reunido na mostra Bambu – Histórias de um Japão, que marca a abertura da Japan House, na capital paulista. Com curadoria de Marcello Dantas, a exposição reúne obras de vários expoentes que trabalham com o material. Entre elas, destaca-se Conexão, trabalho de Chickuunsai IV Tanabe, é uma árvore de três metros que chama a atenção pela leveza e o fato de não utilizarem cola, prego ou algum tipo de amarração ligando os pequenos pedaços de bambu. Shigeo Kawashima montou Ponte em círculo, que surpreende por desafiar a gravidade.
Unidos por fios muito pequenos de barbante, a obra também é extremamente delicada. Hajime Nakatomi, Akio Hizume e o artesão rural Kazuo Hiroshima completam a relação dos artistas da exposição.
Ao colocar os pés no prédio de 3 mil metros quadrados, dividido em três andares, no início da Avenida Paulista, o visitante vai encontrar o que existe de mais moderno tanto na produção artística como na culinária, design e tecnologia do país asiático. “Queremos mostrar o Japão contemporâneo e como ele se comunica com o mundo ocidental através das artes, da música, do design, da inovação tecnológica. O das tradições todos já conhecem”, frisa Marcello Dantas, curador da exposição.
De cara, a fachada de madeira atrai olhares para o prédio, cujo projeto foi assinado pelo arquiteto Kengo Kuma. O espaço interno é modular, com estruturas feitas de papel artesanal. Até uma passadinha rápida no banheiro tem seu charme, que tem vasos sanitários e assentos aquecidos.
A Japan House do Brasil é a primeira das três filiais que serão abertas. As próximas são em Londres, na Inglaterra, e em Los Angeles, nos Estados Unidos. O projeto custou aos cofres japoneses algo em torno de R$ 100 milhões. “Fomos mais rápidos e saímos na frente dos outros países”, comemora Dantas, que já tem fechadas oito exposições até o ano que vem. Ele conta que a escolha das três capitais foram estratégicas para promover esse diálogo do Japão contemporâneo. “São Paulo é a maior cidade da América do Sul. Fazia sentido na geografia global. Londres foi uma forma de estreitar a relação com a Europa, e Los Angeles foi por escolha de bom relacionamento do país com a indústria de entretenimento”.
Para completar, duas lojinhas enchem os olhos dos visitantes. A Madoh oferece variedade de produtos práticos e saudáveis. Já a Furoshiki tem uma variedade de lenços que, através da amarração – tradição japonesa –, podem ser transformados em bolsas, embalagens e até mesmo em versão mais moderna dos panos de prato que embrulhavam as marmitas de muito trabalhador brasileiro por aí..