A chegada ainda é a mesma, por um corredor forrado de pedras grandes e cercado por palmeiras.
De repente, surge o gigantesco banco de madeira maciça, avista-se a recepção e os olhos começam a se encher com a estonteante diversidade de plantas – umas enormes, outras minúsculas, de todas as formas e cores, além de flores e mais flores.

Daí em diante, quanta diferença. O Instituto Inhotim, misto de centro de arte contemporânea e jardim botânico, completa 10 anos mantendo o ritmo de sucessivas inaugurações de pavilhões e novos projetos.
A área de visitação cresceu de 13 para 140 hectares, tornando possível abrigar 23 espaços dedicados a artistas nacionais e estrangeiros, com obras importantes em galerias e ao ar livre.
Cada uma impactante à sua maneira: das cerâmicas em forma de letras para encher de terra e semear pelo gramado (A origem da obra de arte), da mineira Marilá Dardot, à instalação De lama lâmina, do norte-americano Matthew Barney, com um trator enorme agarrando árvore de polietileno debaixo de um domo envidraçado, no meio da mata.
Em 2008, foram abertos os pavilhões de Adriana Varejão e Dóris Salcedo, ao que se seguiu a maior expansão da história do instituto, com nove inaugurações de obras e galerias.
A mais recente, em novembro, é a galeria permanente dedicada ao trabalho da fotógrafa suíça Claudia Andujar, que produziu série de imagens impressionantes dos índios ianomâmis, que vivem na floresta amazônica, no Brasil e na Venezuela.
Fragmentos de floresta nativa, lagos e jardins exuberantes que concentram 4,5 mil espécies de plantas, atraindo micos, caxinguelês, aves e borboletas – sempre com um recanto à vista para descansar ou, simplesmente, admirar a natureza que desfila luxuriante bem diante do nariz.
Os jardins temáticos são um atrativo à parte, alguns deles dedicados exclusivamente a espécies de clima desértico e a orquídeas, por exemplo.
Pelo menos 2,5 milhões de pessoas já visitaram Inhotim desde sua inauguração – 360 mil só no ano passado. Turistas de todo canto, sendo estrangeiros cerca de 25% desse total. Não por acaso, planeja-se para 2017 a abertura de um hotel bem ao lado, com 44 bangalôs de luxo.
Um segundo hotel – mais econômico – também faz parte da expansão, além de novas galerias que deverão ser anunciadas em breve. Atualmente, estima-se em três dias o tempo necessário para conhecer todas as atrações.
NOVIDADES
Até dia 11, estará em cartaz a programação comemorativa dos 10 anos, com performances em homenagem ao artista plástico Tunga, que morreu em maio, figura central na concepção de Inhotim (que lhe dedica dois pavilhões); exposições temporárias nas galerias Mata e Lago (com obras inéditas, vindas da reserva técnica), shows das cantoras Fernanda Takai e Marisa Monte (ambos com ingressos esgotados) e concerto da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
Amanhã, pela primeira vez, Inhotim ficará parcialmente aberto para visitação noturna. O projeto Noite Aberta inclui show de gravação do DVD de Fernanda Takai (baseado em seu último disco, Na medida do impossível) e visita às instalações True rouge e Deleite, de Tunga.
O tributo ao artista continua na semana que vem, com leitura de textos dele e performances em torno de suas obras na Galeria Psicoativa e nos jardins. Os ingressos da ação noturna também acabaram.
No domingo, haverá visita guiada temática com a proposta de relembrar momentos, pessoas e acontecimentos mais importantes nesses 10 anos.
O ponto de partida são os acervos botânico, artístico e histórico-cultural da instituição. Este mês, grupos sairão da recepção às quartas-feiras, sábados, domingos e feriados (e, especialmente, no dia 13, terça que vem), sempre às 10h30.
INÉDITOS
Na próxima quinta-feira, o instituto inaugura, nas galerias Mata e Lago, a mostra temporária Por aqui tudo é novo..., com trabalhos de diferentes momentos de sua cronologia.
Todos vieram da reserva técnica, que guarda cerca de 600 das 1,3 mil obras pertencentes à instituição. A coleção foi iniciada pelo empresário mineiro Bernardo Paz, idealizador de Inhotim, e conta com pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, vídeos e instalações, contemplando 250 artistas de 30 países.
A exposição destacará obras que o público ainda não viu, assinadas pelas jovens artistas Erika Verzutti, Pablo Accineli e Sara Ramo, entre outros, exibidas ao lado de peças de nomes consagrados – Cildo Meireles, David Lamelas e Victor Grippo.
A ideia é reforçar a conexão de Inhotim com linguagens contemporâneas, como deixa claro a performance Marra, da série Homem = Carne/ Mulher = Carne, de Laura Lima, na área externa da galeria Mata.
PRÓXIMO À COMUNIDADE
Personagens com histórias curiosas fazem parte dessa primeira década de Inhotim e contribuem para manter a atração como uma das melhores do país.
Poucos têm trajetória tão intimamente ligada ao lugar como o turismólogo Gustavo Ferraz, de 32 anos. Pouco depois de se formar, largou o emprego para acompanhar, como voluntário, as atividades de educação ambiental do lugar.
Hoje, é diretor de operações do instituto e mora em Brumadinho com a mulher, Laura (que conheceu lá e é coordenadora do jardim botânico), e o filho, Guilherme. “Minha vida está aqui. Vivemos Inhotim intensamente.
Outro que conhece bem Inhotim é Guilherme Santiago, de 19, um dos muitos monitores de área que se revezam entre galerias e áreas externas.
Apesar de estar na função há pouco mais de um ano, ele e a família trocaram Belo Horizonte por Brumadinho em 2007.
O pai foi trabalhar numa serralheria local, mas, pouco depois, foi contratado pelo instituto para atuar nas montagens de pavilhões.
Moraram numa antiga casa de fazenda que já existia por lá e que hoje abriga pinturas do norte-americano Carroll Dunham.
“Acompanhei o crescimento de Inhotim”, diz o jovem.
Ele testemunhou, por exemplo, o guindaste deixar cair as 71 vigas metálicas na grande piscina de cimento para que a obra Beam drop, do norte-americano Chris Burden, fosse concluída. Sua irmã também começou lá como monitora e, hoje, está na área administrativa do instituto.
Ela quer cursar ciências contábeis e não descarta a hipótese de seguir carreira no local: “O contato com os visitantes e as obras de arte põe a gente para a frente, pessoal e profissionalmente”.
Vendedor de eletrônicos em Maceió, Anderson Nunes, de 19, deixou Alagoas há um ano para morar em Brumadinho e trabalhar como condutor-guia num dos cerca de 40 carros elétricos que circulam por Inhotim.
Seu irmão já trabalhava na mesma função e foi quem encaminhou o currículo dele para seleção.
Ludimila Nunes Drumond, de 20, por sua vez, já era moradora de Brumadinho. Assim que se formou no ensino médio, a vaga como operadora de caixa na recepção de Inhotim foi a primeira que lhe apareceu.
Com pouco mais de dois anos como funcionária, passou a supervisora de sua área. “Não precisei sair da cidade para buscar emprego”, comemora. Além disso, o instituto a ajuda nos estudos, uma vez que paga metade do valor do seu curso de direito.
Agenda especial
AMANHÃ
17h30 às 22h – Homenagem a Tunga (ingressos esgotados)
18h30 – Gravação de DVD de Fernanda Takai (ingressos esgotados)
DOMINGO
10h30 – Visita temática: Inhotim 10 anos
6/9
10h30 – Visita temática: Inhotim 10 anos
7/9
10h30 – Visita temática: Inhotim 10 anos
8/9
9h30 – Por aqui tudo é novo.... Galerias Mata e Lago
17h e 19h – Homenagem a Tunga
9/9
9h30 – Por aqui tudo é novo.... Galerias Mata e Lago
14h e 15h – Homenagem a Tunga
10/9
9h30 – Por aqui tudo é novo.... Galerias Mata e Lago
10h30 – Visita temática: Inhotim 10 anos
15h30 – Show de Marisa Monte (ingressos esgotados)
11/9
9h30 – Por aqui tudo é novo.... Galerias Mata e Lago
10h30 – Visita temática: Inhotim 10 anos
11h – Orquestra Filarmônica de MG
Instituto Inhotim
Rua B, 20, Centro, Brumadinho. Aberto de terça a sexta, das 9h30 às 16h30; sábado, domingo e feriado, das 9h30 às 17h30. Ingresso: terça e quinta-feira, R$ 25 (inteira); sexta, sábado, domingo e feriado, R$ 40 (inteira).
Entrada franca às quartas-feiras. Informações: (31) 3194-7300, (31) 3571-9700 e www.inhotim.org.br