Apesar de reunidas no mesmo espaço, as individuais destacam autores que vêm ganhando atenções no circuito, depois de terem participado de importantes coletivas dedicadas à nova arte brasileira.
Marcone Moreira mostra objetos construídos com madeiras velhas, detalhando nas composições cores e formas, mas também a erosão desses aspectos. Com gosto pelo lúdico, o trabalho dialoga com pesquisas (muitas delas de autores mineiros) que procuram levar tensão à linguagem geométrica, deixando à vista rasuras, ruídos e áreas sem forma.

Na Galeria Celma Albuquerque, Flávia Bertinato exibe instalação inspirada no conto de Rapunzel, a garota aprisionada numa torre. A artista embaralha elementos da trama (como tesouras e tranças), interpelando e “arrancando” outros significados da narrativa. Ela tem feito o mesmo com outras cenas e situações.
Alan Fontes mostra pinturas e a instalação que lhe valeram o prêmio CCBB Contemporâneo, com direito a mostra individual no Rio de Janeiro.
A singular construção de obras, valendo-se de quadros e objetos pintados de cinza, tem dado a Alan Fontes muitas atenções, registradas em individuais e coletivas que buscam pensar a pintura brasileira atual.
“Meu trabalho transita entre a pintura e a instalação. Proponho-me a ficar no meio do caminho entre as duas coisas”, explica o artista. “Vivo numa época em que já se deu a ruptura com paradigmas da pintura. Não tenho que ir para um lado ou para o outro”, argumenta.
Sua proposta é manter acesa a questão que os trabalhos colocam à primeira visão. Ou seja: o artista estaria fazendo a passagem entre a bidimensionalidade e a tridimensionalidade. Na origem dessa prática de pintar os objetos de cinza está o projeto apresentado por Alan na extinta galeria da Escola de Belas-Artes da UFMG, em 2005, exibindo quadros e objetos coloridos.
“Na abertura, observei que os objetos, por terem volume, tiravam a atenção da pintura. Isso me incomodou. Voltei à galeria e os pintei de cinza. A pintura venceu os objetos, o que era minha intenção”, conta Alan.
Em tempo: tanto na Periscópio quanto na Celma Albuquerque Galeria de Arte também podem ver vistos interessantes acervos reunindo trabalhos de outros novos autores que têm conquistado respeito no circuito nacional.
MARCONE MOREIRA E ÉDER OLIVEIRA
Periscópio Arte Contemporânea, Av. Álvares Cabral, 534, Lourdes, (31) 3567-0881. De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 14h. Até dia 18.
ALAN FONTES E LAVIA BERTINATO
Celma Albuquerque Galeria de Arte, Rua Antônio de Albuquerque, 885, Funcionários, (31) 3227-6494.
De segunda a sexta-feira, das 9h às 19h; sábado, das 9h30 às 13h. Até dia 18..