Reprodução/TV Globo

Douglas Lima - Especial para o Uai 14/05/2023 23:47

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Viúvo de Rita Lee (1947-2023), Roberto de Carvalho se emocionou ao falar sobre a morte da cantora e compositora. A artista morreu na segunda-feira (08/05) em sua casa, em São Paulo, aos 75 anos.

Em entrevista exclusiva à repórter Renata Ceribelli, ao Fantástico deste domingo (14/05), o músico lembrou da parceria com a rainha do rock nacional na criação de canções. A conversa aconteceu no dia seguinte ao velório de Rita.

"Ela queria viver, ela não queria partir. Até o fim, ela nunca quis partir. Eu dizia pra ela: 'Eu queria trocar de lugar com você, porque você tem muito mais coisa para fazer do que eu. Eu vou e você fica", iniciou Roberto.

"Desde que a gente se encontrou pela primeira vez, 47 anos atrás, eu sou extremamente atento e feliz também por ter estado sempre perto de uma pessoa tão iluminada, tão cheia de vida, de criatividade, de alegria, de luz... Um grande privilégio", acrescentou.

Visivelmente emocionado, Carvalho se declarou para a amada. "Nos tornamos cara metade ou em vida ou em morte. Eu continuo sendo ela e ela continua sendo eu", destacou. "Eu sou um cara que sempre quis casar com uma mulher, ter três filhos homens e cultivar uma família. Para isso, eu precisava encontrar a mulher perfeita, e eu tive a sorte de encontrar", continuou.

"Ela tinha sonho de ter filhos também, mas não era tão explícito. Quando a gente se encontrou mesmo, a gente não se encontrou com a clareza de que aquilo ia virar o que virou".

Roberto de Carvalho

Roberto também lembrou o diagnóstico e deu detalhes do tratamento de Rita. "Ela foi fazer os exames e viu que tratava-se de um tumor já avançado, e os médicos previram um tempo de três a quatro meses. Mas ela encarou o negócio com um estoicismo... Ela fez quimioterapia várias vezes", relembrou.

"Foram momentos muito sofridos. Medo, ansiedade, pavor. Junto com o João, meu filho, nós dois tomamos conta da situação toda. E a gente procurou se informar o máximo possível. Fomos jogados em um universo que não conhecíamos", desabafou.

Vale destacar, que o câncer de pulmão avançado de Rita Lee não dava a ela muito tempo de vida. Segundo o multi-instrumentista os médicos falavam em três ou quatro meses. Foram mais de dois anos de resistência.

"Sempre vai ser difícil. Eu não tenho a menor pretenção de que fique fácil. A Rita é considerada um milagre pelos médicos que cuidaram dela. Ela foi fazer os exames e viu que tratava-se de um tumor já em estágio avançado. O tempo de sobrevida era de três a quatro meses. Isso em 2021", apostou.

"Ela perdeu o cabelo, foi perdendo...a capacidade de andar, a capacidade de pensar. Entretanto, os momentos finais dela foram de uma leveza, de uma calma, de uma doçura. Nós estávamos todos juntos com ela, montamos um quarto de hospital. E a última fase na cama, ela parecia uma criancinha, um passarinho. A respiração dela foi parando... foi em paz, foi em paz".

Roberto de Carvalho

"Ela era uma pessoa espetacular, única. Ela que falou para eu fazer a entrevista, por isso eu quis insistir. Ela adorava me ver falando. Porque eu sou tímido. A Rita era muito tímida também, mas ela tinha uma personalidade que, quando ela estava exposta, ela não era nada tímida. Muito elegante, falando baixo, 'por favor', 'com licença'... Essa era a Rita", disse.

Ao final da entrevista, ele olhou para cima e falou: "Meu amor, foi por você. Para você. Como tudo daqui para frente, será sempre por você e para você".

Rita Lee e Roberto de Carvalho se conheceram por volta de 1976, depois que Ney Matogrosso chamou a estrela para um jantar com toda a sua banda, com Roberto entre os integrantes. E desde então, ficaram juntos e não se separaram mais. O casal viveu uma parceira profissional e pessoal, os dois tiveram três filhos juntos: Beto, João e Antônio, além de muitos hits.

O artista escreveu sucessos como Lança Perfume, Desculpe o Auê, Banho de Espuma, Mutante, Mania de Você e Cor de Rosa Choque, entre outros. Eles lançaram álbuns em parceria em 1982 e 1990.

Confira, abaixo, trechos da entrevista:

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