UAI

Jornalista da Record TV relata demissão ao usar vermelho; emissora nega

Carol Romanini foi demitida por supostamente ter ferido norma da empresa para garantir 'neutralidade em aparições'

Reprodução/RICtv Reprodução/RICtv
Douglas Lima - Especial para o Uai clock 18/09/2022 00:42
compartilhe icone facebook icone twitter icone whatsapp SIGA NO google-news

A jornalista Carol Romanini, apresentadora do quadro Hora da Venenosa no Balanço Geral Londrina, foi demitida do grupo RICtv, afiliada da Record TV no Paraná, na última terça-feira (13/09), por supostamente ferir norma da emissora para garantir "neutralidade em aparições", a profissional foi demitida depois de ter usado vermelho no dia anterior, quando apresentou o quadro no canal pela última vez.

"Eu fui demitida pela RICtv [...] com uma advogada através de uma chamada de vídeo num notebook por ter usado o vermelho na segunda-feira. Eu, como vocês sabem, eu aposto aqui com vocês quem é que acha que eu voto em quem, porque nem isso eu falo, eu não falo de política [aqui]", afirmou Carol em transmissão ao vivo no Instagram.

 

De acordo com as informações do Sindijor Norte do PR (Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná), o Grupo RIC, dono da RICtv, teria proibido os jornalistas do canal de irem ao ar com roupas nas cores vermelho e bordô, e denunciou o ocorrido, classificando a ação como "assédio eleitoral" que "resultou na injustificada demissão". Em nota oficial, a empresa disse que restringe as cores para garantir "neutralidade em aparições no ar". A empresa também informou que proibiu o verde e amarelo para evitar a polarização.

 

O caso ganhou repercurssão nacional após o Sindijor denunciar que Carol foi demitida por pressão deputado federal Filipe Barros (PL), que é apoiador do presidente da República e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro (PL).

 

"O dono do Grupo RIC no Paraná, Leonardo Petrelli Neto [...] tem engajamento notório na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. E histórico de assédio eleitoral. Um dia antes (segunda-feira, 12/09) da demissão [...], sua empresa já havia proibido o uso das cores vermelho e bordô pelos repórteres e apresentadores que fossem ao ar. Cores que atribui associação com a candidatura do ex-presidente Lula", afirmou o sindicato em nota.

 

"O deputado usou como pretexto [um] incidente envolvendo a torcida Falange Azul, do Londrina Esporte Clube, no último sábado (10/09) e integrantes de seu comitê de campanha. O 'crime' da jornalista foi estar próxima à confusão", denuncia o órgão.

 

Confira, abaixo, o post:

Ao portal NaTelinha, a RicTV confirmou a demissão de Carol Romanini da atração, mas reforçou que tratar-se de uma mudança estratégica por conta da baixa audiência e negou qualquer correlação eleitoral.

 

"A rescisão  do contrato da apresentadora nada  tem a ver com eleição. Ela era da área do entretenimento.  Ontem, inclusive, a apresentadora da Hora da Venenosa de Curitiba, a Cecilia Comel, estava de rosa e vermelho. Mas tem relação com a reestrutura do horário do almoço em todas as emissoras  da RicTV (são 4: Curitiba, Oeste, Londrina e Maringá). Em Londrina, particularmente, o programa vinha tendo baixa performance de audiência e de faturamento, o que acabou antecipando as mudanças por lá. A rede vinha estudando abrir o sinal de Curitiba para a região, que agora recebe A Hora da Venenosa feita na capital. Isso se tornou possível com a saída  do programa do jornalista que apresenta o Balanço Geral Curitiba (que agora recebe A Hora da Venenosa feita na capital. Isso se tornou possível com a saída  do programa do jornalista que apresenta o Balanço Geral Curitiba (que agora está exclusivo no BG). Isso elimina qualquer eventual confusão que pudesse haver com o BG Londrina, que tem identidade própria. Enfim, essa reestruturação vem sendo estudada há seis meses  e algumas mudanças começam a ocorrer. O projeto todo ainda está  em off por que faltam definições. Só para contextualizar, A Hora da Venenosa de Curitiba dá cobertura especial para A Fazenda, o que é estratégico no momento para o Grupo Ric e a Record, e também contribuiu para a mudança", diz o comunicado.

 

Em entrevista exclusiva ao site, Carol discorda e lembra que nem há medição de Ibope no quadro que estava há dois anos. "Jamais teria sido por baixa audiência. Não tínhamos a audiência minuto a minuto para checar, mas fazíamos a medição pelo YouTube e também pelo WhatsApp. Tínhamos muitas participações e e eu fazia brincadeiras com o público. O número de mensagens no Whats cresceu muito", explicou.

 

"A Ric ficou sempre em terceiro lugar aqui no estado. Com a vinda do Juliano Marcos, eles conquistaram o segundo lugar no Ibope, e a vice-liderança pra gente é praticamente liderança até porque a Globo nunca vai sair do primeiro, pelo menos aqui na nossa região sempre foi assim. O último Ibope caiu um pouco, mas caiu de uma maneira geral", acrescentou.

"Então não existe baixa audiência e isso nunca foi apresentado pra mim, isso nunca foi me questionado durante esses dois anos. Então se fosse essa questão ela teria falado comigo e a gente teria encontrado alguma maneira pra melhorar a audiência desse programa. Então definitivamente essa não é a razão pela qual eu fui demitida".

Carol Romanini

Vale destacar, que o vídeo em que a comunicadora aparecia com a cor que foi ligada ao partido do PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela RicTV foi apagado das redes do canal. 

compartilhe icone facebook icone twitter icone whatsapp
x