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Fabiano Moraes
28/04/2025 22:18
Belo Horizonte, uma das maiores capitais do Brasil, tem observado nos últimos anos um aumento expressivo na busca por alternativas aos seguros tradicionais de automóveis. Entre essas alternativas, a proteção veicular tem se destacado como uma opção cada vez mais popular entre motoristas mineiros que buscam segurança para seus veículos com custos mais acessíveis.
O que é a proteção veicular?
A proteção veicular funciona por meio de associações ou cooperativas onde os associados compartilham entre si os prejuízos ocasionados por acidentes, roubos ou furtos. Diferentemente das seguradoras tradicionais regulamentadas pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), essas associações operam sob o princípio do mutualismo, onde todos contribuem para um fundo comum que é utilizado para cobrir eventuais sinistros dos associados.
"Nosso modelo de negócio é baseado na colaboração mútua. Todos contribuem com um valor mensal e, quando um associado tem um problema com seu veículo, utilizamos o fundo para ajudá-lo", explica Ricardo Mendes, diretor de uma das maiores associações de proteção veicular de Belo Horizonte.
O cenário em Belo Horizonte
A capital mineira tem se tornado um polo para as associações de proteção veicular. Atualmente, estima-se que mais de 200 associações estejam operando na região metropolitana de Belo Horizonte, protegendo aproximadamente 500 mil veículos.
O crescimento desse setor na cidade pode ser atribuído a diversos fatores. O trânsito intenso, a alta taxa de roubos e furtos de veículos em determinadas regiões e, principalmente, o custo elevado dos seguros tradicionais têm levado muitos motoristas a buscar alternativas mais econômicas.
"Eu pagava quase R$ 3.000 por ano no seguro do meu carro. Com a proteção veicular, esse valor caiu para R$ 1.200. É uma economia significativa no orçamento familiar", relata Carlos Eduardo, morador do bairro Buritis e associado há dois anos a uma cooperativa de proteção veicular.
Regulamentação e desafios
Apesar do crescimento, o setor de proteção veicular ainda enfrenta desafios significativos, principalmente no que diz respeito à regulamentação. As associações não são regulamentadas pela SUSEP e operam em uma área cinzenta da legislação, o que gera debates sobre a legalidade de suas operações.
Em Belo Horizonte, a Câmara Municipal tem discutido projetos de lei para estabelecer regras mais claras para o funcionamento dessas associações na cidade. "É fundamental que tenhamos uma regulamentação específica para esse tipo de serviço, garantindo a proteção dos consumidores e estabelecendo parâmetros claros de operação", defende a vereadora Mariana Costa, autora de um dos projetos.
As associações, por sua vez, defendem sua legalidade com base no direito constitucional de livre associação. "Operamos de acordo com o Código Civil e a Constituição Federal. Nossa atividade é lícita e tem como único objetivo proteger os interesses dos nossos associados", argumenta Paulo Souza, presidente da Associação Mineira de Proteção Veicular (AMPV).
Benefícios e limitações
Entre
os principais benefícios da proteção veicular estão os custos mais baixos em comparação aos seguros tradicionais, a aceitação de veículos mais antigos que muitas vezes são recusados pelas seguradoras e a oferta de serviços adicionais como assistência 24 horas, guincho e carro reserva.
No entanto, é importante ressaltar que existem também limitações. "Diferente dos seguros, as associações não são obrigadas a manter reservas técnicas para garantir o pagamento de sinistros. Isso pode representar um risco caso ocorra um número muito grande de sinistros simultaneamente", alerta o professor de Direito do Consumidor, Felipe Amaral.
Outro ponto de atenção é a variação na qualidade dos serviços oferecidos pelas diferentes associações. "Existem associações sérias e bem estruturadas, mas também há aquelas que não oferecem a segurança necessária. O consumidor precisa pesquisar muito antes de escolher", recomenda Ana Lúcia Fernandes, do Procon-MG.
O impacto da tecnologia
Um fator que tem contribuído para o crescimento e a profissionalização das associações de proteção veicular em Belo Horizonte é a adoção de tecnologias. Muitas associações têm investido em aplicativos que facilitam a comunicação com os associados, o acionamento de serviços e até mesmo o acompanhamento de sinistros.
"Nosso aplicativo permite que o associado solicite assistência, envie fotos em caso de acidente e acompanhe todo o processo de reparo do veículo. Isso traz mais transparência e agilidade", explica Marcelo Pimentel, diretor de tecnologia de uma associação com sede no bairro Savassi.
Além dos aplicativos, a instalação de rastreadores nos veículos protegidos tem se tornado uma prática comum, contribuindo para a recuperação em casos de roubo e, consequentemente, para a redução dos custos operacionais das associações.
Perspectivas futuras
O debate sobre a regulamentação das associações de proteção veicular a nível nacional continua em andamento, com projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional. Enquanto isso, em Belo Horizonte, o setor continua a se expandir.
Especialistas em mercado de seguros preveem que, mesmo com uma eventual regulamentação mais rígida, as associações de proteção veicular continuarão a ter espaço no mercado, principalmente em tempos de economia instável onde os consumidores buscam alternativas para reduzir gastos.
"O modelo de proteção veicular veio para ficar. O que precisamos é garantir que opere de forma transparente e segura para o consumidor", conclui o economista Roberto Dias, especialista em mercado de seguros.
Para os motoristas de Belo Horizonte, a mensagem é clara: pesquisar bem antes de escolher uma associação, verificar sua reputação no mercado, tempo de existência e estrutura operacional são cuidados essenciais para garantir uma proteção efetiva para o veículo.
À medida que o setor amadurece e as discussões sobre regulamentação avançam, espera-se que as associações de proteção veicular se profissionalizem cada vez mais, oferecendo um serviço com maior segurança jurídica para os consumidores da capital mineira.
Com o crescente número de veículos nas ruas de Belo Horizonte e os desafios de mobilidade urbana, a proteção veicular continua a ser uma alternativa atraente para muitos motoristas que buscam segurança com economia. O futuro dirá se esse modelo conseguirá se estabelecer definitivamente como uma opção consolidada no mercado de proteção automotiva da capital mineira.