A concentração do bloco "Magnólia", no Bairro Caiçara, na Região Noroeste de Belo Horizonte, deu espaço à representatividade nesta terça-feira (21/2). Enquanto os foliões se preparavam para a largada do cortejo, que se inspira no jazz e no blues do carnaval de Nova Orleans (EUA), o poeta surdo Gabriel Benfica utilizou a linguagem de sinais para declamar versos de repúdio à homofobia. A apresentação dele compôs um sarau de poetas surdos, convidados para abrir o desfile, que coloriu de laranja a Avenida Américo Vespúcio.





"Armas apontadas para mim/ Pessoas me agredindo na rua/ Me assediando na rua/ Meu sangue escorre por entre as veias/ Minha mãe e meu pai me aceitam e eu venho para o carnaval/ As pessoas me olham e me estranham/ Me agridem/ A homofobia me vê e me olha, mas meu corpo está na rua, com o Magnólia/ Chega de homofobia/ Queremos amor, queremos simpatia", disse o artista, para aplausos dos desfilantes.

A tradução da linguagem de sinais ficou a cargo do intérprete Flávio Maia. Ele e Gabriel compõem o coletivo "Todos Estão Surdos". O grupo é formado por poetas que utilizam as mãos para passar recados à sociedade.

Segundo o organizador do Magnólia, Iberê Sansara, o bloco surgiu para encampar temas ligados à representatividade. "A gente levanta a bandeira da diversidade, a bandeira do respeito às diferenças e do respeito às origens da música negra e do corpo negro", afirmou.





A direção do bloco espera público próximo a 20 mil pessoas. "Chegamos a estimar 50 mil, mas se chegar a esse número vai ficar desconfortável para quem for assistir, porque o intuito do bloco é escutar a música e ver a dança", explicou Iberê.


O "Magnólia" desfila pelo Caiçara desde 2014. O bloco carrega o nome da rua que sediava a concentração. O crescimento da festa, porém, fez o início do cortejo ser transferido para a Américo Vespúcio.

Além dos tradicionais percussionistas que compõem a bateria, o bloco tem uma ala de músicos responsáveis por instrumentos de sopro, como o saxofone e o clarinete.
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