A concentração do bloco carnavalesco aconteceu na esquina que une as avenidas Brasil e Afonso Pena. A tarefa de animar os participantes da festa ficou a cargo dos 350 ritmistas da bateria. Os instrumentos foram acompanhados pelos oito componentes da banda do "Beiço".
Neste ano, a ala musical teve uma participação para lá de especial: Maria Sabina, filha de Wando, participou do bloco e cantou "O importante é ser fevereiro", primeiro sucesso do pai.
"A sensação de estar aqui é maravilhosa. Qualquer pessoa que faz parte do 'Beiço' sabe que é contagiante", afirmou a artista.
Apesar das referências a clássicos do sertanejo, os acordes que remetem ao brega não foram deixados de lado. "Evidências" e "É o Amor" tiveram, em determinados momentos, arranjos similares aos utilizados ao longo da carreira de Wando, famoso por jogar calcinhas em direção à plateia.
Os sucessos de Wando atrairam foliões de outras cidades. A sanfoneira Dirce Rosa, por exemplo, saiu de Sabará, na Região Metropolitana. Paramentada com adereços carnavalescos, a mulher de 75 anos fez questão de ficar próxima à corda que separava a "pipoca" do trio elétrico. "Amo música e o carnaval", resumiu.
A corda, aliás, gerou um princípio de tumulto a certa altura. Com força, seguranças empurraram espectadores próximos à divisão de espaço para abrir caminho ao trio. "Vai com calma, cara. Vai machucar", pediu um folião a um dos vigias do bloco.
Rainha não-binária abrilhanta desfile
A corte do "Beiço do Wando" é encabeçada por Rodrigo Falqueto, rainha do bloco deste 2017. Rodrigo é não-binária e não se importa com os pronomes de tratamento. A preocupação, diz, é levantar a bandeira do respeito.
"Todos nós devemos ser respeitados. Não importa a sua opinião, eu só quero que você me respeite e respeite o próximo. Todos nós somos diferentes e temos que aceitar as diferenças do outro. Sou contra a homofobia, contra o feminicídio, contra o racismo, contra todos os tipos de preconceito. E temos que ficar de olho, porque aqui dentro (da corda), perto das câmeras, é tudo lindo, mas ali no meio (do público), todo mundo está sujeito a isso", pontuou.