Em meio às ofertas de bebidas alcoólicas e aos carrinhos com sacos de gelo, cervejas, refrigerantes e garrafas d'água, uma voz se destacou no "Então, Brilha!", que abriu os desfiles deste sábado (18/2) no carnaval de Belo Horizonte. Era a ambulante Magda dos Santos, de 49 anos, que neste ano optou por vender "quadradinhos" de papel higiênico aos foliões.



Perto dos banheiros químicos instalados no Centro de BH, tradicional área do "Então, Brilha!", Magda oferecia uma espécie de "conforto" aos que precisavam interromper os festejos por causa das necessidades fisiológicas.

Segundo ela, mulheres correspondem à maioria dos clientes. "Na hora que entra mulher (no banheiro), normalmente dou um gritinho para chamar a atenção", explicou, satisfeita com os lucros obtidos no desfile.

Magda costuma utilizar o carnaval como fonte de renda. "Sempre fui ambulante de cervejas", contou. O infarto sofrido pelo marido, porém, o impediu de ajudá-la com as bebidas. A vendedora, então, optou por comercializar papel higiênico, produto mais leve.





Mais papel higiênico por aí


Quem também escolheu o papel higiênico como aposta de lucro para o carnaval foi Gabriel Teixeira, ambulante que tem rodado por diversos blocos de carnaval de BH neste sábado.

No bloco "Me Bebe que sou Cervejeiro", no Prado, ele levava uma propaganda com direito a um tótem colado ao corpo, anunciando "quadradinhos" de um metro a R$ 2. O preço inicial era R$ 1, mas a alta demanda fez surgir um reajuste - não sem uma promoção: três quadradinhos, quando comprados juntos, saem a R$ 5.

"É para manter o povo sequinho, tranquilo. Na hora que você passar aperto, pode ir ao banheiro", brincou ele, que garantiu comercializar um produto "da melhor qualidade".




Serra do Curral e homenagem às vítimas da pandemia


O 'Então, Brilha!', cujo nome faz referência ao famoso Hotel Brilhante, na Rua Guaicurus, voltou às ruas hoje, após a pausa imposta pela pandemia de COVID-19. As vítimas da doença, aliás, foram lembradas pelo bloco.

Ao som de "Eu quero é botar meu bloco na rua", canção de Sérgio Sampaio, os músicos lembraram dois integrantes da bateria que morreram por causa do vírus. Os ritmistas colocaram fotos dos amigos nos instrumentos, como forma de lembrar dos que se foram.

"A gente manda um axé especial para onde quer que eles estiverem. Ricardo e Sidney, dois integrantes do nosso bloco, queridos, que se foram na pandemia", declarou Michelle Andreazzi, vocalista do bloco.



Ainda durante o cortejo, os "brilhantes" abriram um bandeirão que pede a preservação da Serra do Curral. Sob gritos contra mineração na área verde que contorna parte da capital mineira, milhares de foliões pediram o fim das mineradoras na região.

"Quem não está sabendo, pois saiba, que a nossa Serra do Curral está ameaçada por um projeto de mineração. Gente é pra brilhar, gente não pra morrer de fome, não morrer de sede", disse Glauco Gonçalves Dias, um dos fundadores da agremiação carnavalesca.

 
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