Da Praça da Amizade para o coração do carnaval, com escala luxuosa nas canções de uma cantora-ícone do Brasil. Neste domingo (12) pré-carnavalesco, o bloco Bethânia Custosa reverencia a musa da MPB e transforma seus 50 integrantes em sereias, orixás e, claro, em "nativos de Santo Amaro da Purificação", onde nasceu Maria Bethânia, filha de dona Canô e seu Zezinho. Tanta animação ocorre no Bairro Betânia, na Região Oeste de Belo Horizonte. Para resumir a folia, neste domingo, todo mundo é baiano.
O fundador do bloco, Elton Monteiro, residente no bairro, conta que o bloco nasceu em nasceu em 2015, tendo desfilado pela última vez em 2020. "Nosso bloco tem uma pegada ambiental, sempre homenageia as águas. Aqui debaixo da Praça da Amizade, nosso ponto de partida, passa um córrego. Por isso escolhemos o lugar para destacar a importância desse curso d'água canalizado", explicou Elton. E acrescentou: "Maria Bethânia sempre fala sobre as águas nas músicas que canta."
Em sintonia
O casal de namorados Ana Paula Magalhães Maciel, educadora social, e Paulo Apgaua, artista plástico, caprichou nas roupas brancas, na maquiagem remetendo às ondas do mar e declarou sua alegria em homenagear uma das maiores cantoras do Brasil. No seu primeiro desfile no Bethânia Custosa, ele toca xequerê e ela, ganzá. "O pessoal do bloco é muito acolhedor, o que faz a gente se sentir bem à vontade", disse Paulo.
A professora de educação infantil Renata Oliveira, residente no vizinho Bairro Palmeiras, também desfila no Bethânia Custosa pela primeira vez. "Sou fã de Bethânia, e dessa vez dei uma escovada maior no meu cabelo. Quando fiquei sabendo que tinha esse bloco, não pensei duas vezes e vim desfilar", conto Renata.
Custosa
O nome do bloco Bethânia Custosa, segundo os organizadores, remete ao jeito carinhoso do mineiro ao falar sobre pessoas queridas e de gênio forte, como dizem sobre a personalidade marcante da cantora baiana. A forma ironizada na denominação também faz menção às denúncias dos desafios sociais e culturais que permeiam o bairro Betânia e a realização de um cortejo de carnaval com poucos recursos.
A homenagem à diva Maria Bethânia foi concebida como uma forma de reverenciar tudo o que ela representa com sua arte, poesia, religiosidade e brasilidade. No repertório estão grandes sucessos da baiana adaptados para os ritmos como Samba Duro e Ijexá. “É um carnaval onde todo mundo se diverte e canta junto canções conhecidas como 'Sonho Meu', 'Reconvexo', 'Tigresa' e até a clássica e dramática canção 'Negue' em ritmo de funk”, explica o músico Samuel Braga, maestro da bateria do bloco.