Condenada pelo Juizado Especial Cível da Lagoa, no Rio de Janeiro,por uso indevido da imagem de Leila Diniz (1945-1972), Regina Duarte tem 10 dias para realizar o pagamento de R$ 74 mil em indenização à filha da falecida atriz, Janaína Diniz Guerra.




De acordo com as informações do colunista Ancelmo Gois, do jornal Globo, a artista tem até 13 de junho para pagar a quantia sobre danos morais e juros por não ter cumprido, até o momento, a sentença que a obrigava a se retratar pela publicação indevida da imagem de Leila em um post que defendia a ditadura militar.

 

Em dezembro de 2022, Regina publicou um vídeo que reproduzia um discurso do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL). No momento em que Bolsonaro diz que "1964 foi uma exigência da sociedade" e que "as mulheres nas ruas pediam o restabelecimento da ordem", a imagem que aparece é a fotografia das atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell, em 13 de fevereiro de 1968, durante uma manifestação de artistas e produtores de teatro contra a censura imposta pela ditadura militar.

 

"O Exército precisará que os Plenários do próximo governo tenham vergonha do que se está passando com o nosso país e… tomem uma atitude", escreveu ela na legenda da publicação.




 

Em março, a veterana foi condenada a retirar, no prazo de 48 horas, a publicação de suas redes sociais sob pena de multa diária de R$ 1 mil. Ela também foi obrigada se retratar em todas as suas redes sociais de vídeo e explicitar que Leila nunca apoiou a ditadura e que a foto usada foi feita em contexto de oposição ao regime e à censura — o que, segundo a advogada de Janaína, a atriz não fez.

 

"A trajetória de vida da atriz Leila Diniz sempre foi marcada pela defesa da liberdade, contra a censura e contra a ditadura militar e seu moralismo conservador. A vinculação da imagem da atriz a uma defesa tão explícita da ditadura militar é absurda e merece toda a repulsa e punição. É uma utilização indevida e grave da imagem da atriz, em defesa do golpe militar em uma data muito próxima aos ataques de 8 de janeiro", disse a advogada Maria Isabel Tancredo, que representa Janaina Diniz no processo.

 

Janaina ainda declarou que o processo foi motivado pela defesa da trajetória e legado da matriarca. "Eu não poderia deixar de defender a imagem de minha mãe e nem deixar que alguém altere a história de acordo com o que quer. A utilização caluniosa da imagem de minha mãe é inaceitável e me deixa profundamente indignada. As pessoas precisam aprender a ter respeito pela memória das outras, pela imagem construída por toda uma vida", afirmou, na época. A assessoria de imprensa de Regina Duarte diz que ela está ciente da sentença.

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