Daniella Ferrante Perez Gazolla, mais conhecida como Daniella Perez nasceu no dia 11 de agosto de 1970 no Rio de Janeiro. Primeira filha da renomada autora de telenovelas Gloria Perez com o engenheiro Luiz Carlos Saupiquet Perez, que posteriormente tiveram mais dois filhos, Rodrigo, nascido em 1973 e Rafael em 1975.
Antes de fazer televisão, Daniella foi bailarina, e começou a dançar cedo, com apenas 5 anos de idade. Já dançando profissionalmente, ingressou na companhia Vacilou, dançou, da coreógrafa Carlota Portella. E foi como dançarina que surgiu o primeiro convite para trabalhar nas telinhas, interpretando uma profissional do tango na novela Kananga do Japão (1989), na extinta TV Manchete.
Foi durante este folhetim que ela conheceu o também ator Raul Gazolla, com quem se casou em 1990. No mesmo ano, Perez fez um teste individual e acabou conseguindo um papel na trama Barriga de aluguel, da TV Globo, de autoria de sua mãe. Clô, sua primeira personagem, originalmente seria um papel pequeno, basicamente fazendo uma dançarina no Copacabana Café, mas a atriz agradou ao público, e cresceu na obra.
Tanto que ela foi convidada por Dennis Carvalho para fazer uma personagem maior em O Dono do mundo (1991), interpretando a irmã da protagonista vivida por Glória Pires. No ano seguinte, já muita querida pelo público, Daniella Perez estava encantando o país como Yasmin, uma jovem que despertava uma admiração do gótico Reginaldo vivido por Eri Johnson que a seguia em todos os lugares, ela era irmã da protagonista vivida por Cristiana Oliveira, na telenovela De corpo e alma, escrita por sua mãe.
Porém, antes da história chegar ao fim, aos 22 anos de idade, no dia 28 de dezembro de 1992, Daniella foi assassinada pelo seu par romântico Guilherme de Pádua e por sua então esposa Paula Thomaz, que estava grávida de quatro meses na época, eles a emboscaram em um posto de gasolina e a mataram com dezoito golpes de punhal, que perfuraram o pescoço, pulmão e coração da artista, encerrando abruptamente a vida e carreira de uma estrela em ascensão.
O caso aconteceu logo após Daniella e Guilherme gravarem uma cena em que o casal fictício Yasmin e Bira se separa. Na ocasião, Pádua chorou muito em seu camarim, pois acreditava que seu papel estava sendo reduzido na produção por culpa da jovem. Ele, então, foi ao encontro da atriz na saída do estúdio de gravação enquanto Paula estava escondida no banco de trás do carro. Daniella Perez, parou para abastecer e levou um soco de Pádua, ficando desacordada. Ela foi colocada no banco do veículo e levada até um terreno baldio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Lá, o casal apunhalou a artista. O crime chocou e choca até hoje o Brasil, já que foi cometido brutalmente.
O advogado Hugo da Silveira passou pelo local do crime e estranhou ao ver os dois carros parados. Logo, anotou as placas e avisou a polícia de que algo poderia estar acontecendo na região. As autoridades encontraram o automóvel de Daniella e, ao andar pelo terreno, um policial localizou o corpo da bailarina. Com a placa do veículo fornecido pelo advogado, em pouco tempo os agentes chegaram até o carro de Guilherme de Pádua – que chegou a adulterar uma letra com fita isolante, mas foi encontrado mesmo assim. Ele chegou a comparecer no velório, demostrando estar abalado com o ocorrido.
O artista foi encaminhado à delegacia no dia 29 de dezembro e, negava o crime. No entanto, no mesmo dia, ao ser confrontado com as provas, admitiu a autoria do crime. Pouco tempo depois, a polícia entendeu que Paula Thomaz também era cúmplice e, no dia 31 de dezembro, a prisão dos dois foi decretada.
O julgamento aconteceu cinco anos depois, e ambos foram condenados por homicídio qualificado por motivo torpe, com impossibilidade da defesa da vítima. A arma do crime nunca apareceu e a polícia não pôde concluir qual foi o objeto que a matou.
Pádua foi condenado a 19 anos, e Thomaz, a 18 anos e 6 meses. Na cadeia, Paula deu à luz Felipe, em maio de 1993. O casal se divorciou ainda na prisão, em decorrência das diferentes versões que ele apresentou para a defesa e responsabilizava a ex-mulher pelo fim à vida da parceira de cena. Ambos saíram da cadeia antes, cumpriram apenas sete anos de pena em 1999.
Arrasada, Gloria se afastou da novela por um período curto e voltou à produção depois de uma semana do crime, a personagem de Daniella saiu de cena, indo estudar dança no exterior. O personagem do mineiro simplesmente foi removido do folhetim, sem nenhuma explicação.
A escritora também incluiu na trama temas como morosidade da Justiça e a inadequação do Código Penal. A pedido da dramaturga, a última obra de sua filha foi engavetada, sendo vetada qualquer reprise. Em 1993, Perez foi indicada, postumamente, ao Troféu Imprensa de Atriz Revelação.
Por iniciativa da novelista, homicídio qualificado, praticado por motivo torpe ou fútil, ou cometido com crueldade, como o de sua filha, foi incluído na Lei dos Crimes Hediondos (através da lei 8.930/1994), com mais de 1 milhão de assinaturas. Assim, não é mais possível pagar fiança e impõe que seja cumprido um tempo maior da pena para a progressão do regime fechado ao semiaberto. Um episódio inédito na história do Brasil.
Em abril de 2016, Gloria Perez e Raul Gazolla, ganharam um processo por danos morais e materias contra Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, recebendo 500 salários mínimos (cerca de R$ 480 mil). Além disso, os assassinos foram obrigados a arcar com as despesas de sepultamento e funeral da atriz na ordem de cinco salários, além da além das custas processuais e honorários de advogado de 10% sobre a condenação. A ação foi julgada pela 7ª Câmara Cível do TJ/RJ.
No ano passado, o então pastor da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, Guilherme morreu aos 53 anos por conta de um infarto fulminante.