O deputado estadual Thiago Gagliasso (PL-RJ) se defendeu contra a acusação de racismo feita pela cantora Ludmilla, nesta quinta-feira (23/11). O deputado alegou nas redes sociais não ser racista por ter funcionários negros no seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
"Acuse-os do que você faz e chame-os do que você é. Vou mostrar para vocês o gabinete do racista", disse, nos stories de seu Instagram. Na sequência, ele filmou assessores negros debochando e dizendo que nasceram em países europeus com maioria branca.
Nas imagens, uma das colaboradoras afirma ser negra, mesmo tendo cabelo loiro. Na sequência, o político fala com outro funcionário. "Esse veio diretamente da Dinamarca", diz, em tom de deboche. Levando na esportiva, um dos trabalhadores, que Thiago chama de Jorginho, brinca: "Eu vim da Dinamarca". "Olha, eu sou branca, eu sou branca!", diz outra, aos risos.
Além disso, Gagliasso ainda mostrou um antigo vídeo da funkeira se recusando a tirar foto com fãs na praia, dizendo que não era ela ali. "Vou contar uma história relatada por alguns funcionários do Vidigal, vou deixar a própria protagonista contar para vocês", destacou.
Nas redes, a atitude do irmão do ator Bruno Gagliasso não caiu bem e internautas reagiram negativamente. "A gente entende a gravidade quando ele ressalta 'funcionário', ou seja, sabemos em qual escala os negros estão inseridos nos espaços aos quais ele pertence", disse um internauta. "Só faltou falar 'não sou racista trato negro como se fosse gente normal'", comentou outra. "Toda vez, a mesma frase, a mesma desculpa, bizarro!", detonou um terceiro. "Isso é engraçado, se você não é racista, você não precisa provar nada, suas ações e como tratar as pessoas de cor dirão", declarou outra seguidora. "Incrível, como sempre usam a mesma desculpa de sempre", criticou mais uma.
Confira, abaixo, o vídeo:
Entenda o caso
Ludmilla confirmou nesta quinta (23/11), por meio de suas redes sociais, que vai receber a medalha Tiradentes, honraria dada a figuras públicas que são engajadas em causas sociais. Em fevereiro, alguns deputados da bancada conservadora da Alerj votaram contra a honraria à cantora. Agora, com a entrega confirmada, a funkeira agradeceu por "todo o incentivo e amor", mas também aproveitou para desabafar sobre os ataques racistas de um desses parlamentares.
Embora não tenha citado o nome de Tiago Gagliasso, ela disse que precisava responder a um vídeo postado por um deputado estadual que dizia que tinha votado contra "não por ser racista, mas por causa da música Verdinha". "Não, gente, é porque ele é racista. Mas é racista barra pesada", afirmou, na sequência.
A artista disse a história do tal político com ela é antiga. "A gente estava na casa de uma das pessoas mais famosas desse país. E eu estava acompanhada de um cara. Daí ele conheceu esse cara. Ele chegou nesse cara, na minha frente, e falou: 'Pô, tanta mina gata na festa e você está com essa macaca?'. A gente olhou pra cara dele e começou a discutir. E aí já veio um monte de gente pedindo calma, dizendo que ele é assim mesmo, que às vezes passa dos limites. Eu falei que nesse tipo de situação não tem calma. Eu estava meio que sozinha com esse cara, que acabou me defendendo. Não estava com a minha família, com meus amigos, então eu fiquei muito mal", contou, sem citar o nome de quem a ofendeu.
A dona do Numanice ainda, reforçou que, tempos depois, voltou a esbarrar com o mesmo sujeito em outra oportunidade. E que ele insistiu para falar com ela, que o peitou, contudo, acabou sendo expulso do evento onde ambos estavam.
"Esse foi um dos piores racismos que eu sofri na minha vida. Quem é mulher preta sabe do que eu estou falando. Eu fiquei muito mal e eu nunca esqueci aquilo, daquela situação. Daí, um belo dia, a gente estava no mesmo lugar. E ele veio me cumprimentar. Amor, eu falei pra todo mundo: 'não deixa esse garoto chegar perto de mim'. Dito e feito. Ele insistiu, se enfiou no meio da roda pra falar comigo. Eu falei 'não fala comigo porque você é racista, eu tenho nojo de você. Se eu pudesse, dava na sua cara aqui'. Aí o pai do dono da festa soube da situação e colocou ele pra fora da festa. Ele ficava me olhando com cara de psicopata", relembrou.
Vale destacar, que no dia anterior, o parlamentar tinha publicado um vídeo expondo os motivos que o levaram a votar contrar a concessão da medalha de honra no plenário. "Nada pessoal contra Ludmilla. Não tem nada a ver com coisa racial. É a postura que a gente, como conservador, tem que defender. Que é de fato saber cantar um hino nacional, saber que não pode vender verdinha... É posição de cada um. Depois a gente é taxado como racista, de homofóbico e etc", explicou, se referindo ao hit Verdinha, que faz alusão à maconha, e aos problemas que Ludmilla teve ao cantar o hino no GP (Grande Prêmio) Brasil de Fórmula 1, confira, clicando aqui!.