Internautas resgastaram, nesta segunda-feira (31/07), trechos de uma entrevista concedida pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em outubro de 2022 na qual ele defende que a liberdade de expressão garante aos comediantes que possam fazer piadas sobre nazismo, negros e pessoas com síndrome de Down.




Ao podcast Irmãos Dias, o deputado justificou a declaração afirmando que "piada não é para ser levada a sério". "Não tem liberdade de expressão para chegar dentro do hospital e fazer uma piada com uma pessoa que tem Síndrome de Down porque ali não é o ambiente nem o local pra isso. Agora, se pagou para ir a um show de um humorista, e a pessoa fez uma piada com Síndrome de Down, com negro, com nazismo, com qualquer coisa, eu entendo que a piada não é para ser levada a sério. Caso contrário, não é piada", explicou.

 

Questionado pelos apresentadores do podcast sobre como define liberdade de expressão, Nikolas usou como exemplo um episódio de um judeu que teria questionado a verdade do Holocausto. "A liberdade de expressão é uma discussão muito mais profunda do que as pessoas acreditam. Você tem um autor que relata que existem judeus que não são contrários a uma tese que foi feita por um estudioso que colocou o holocausto como se fosse mentiroso. Se for parar para pensar, o holocausto aconteceu, nós vamos deixar gente falar que o holocausto não aconteceu e ficar influenciando pessoas? A própria comunidade judaica deu a liberdade para esse cara falar isso, porque? Segundo ele, a liberdade de expressão é plena em uma sociedade que se autorregula, não é censurando as coisas, deixando que as coisas aconteçam e que as pessoas consigam analisar que aquilo é um absurdo", destacou.

 

Em seguida, o parlamentar cita a existência de um partido nazista nos Estados Unidos para justificar o seu posicionamento. "Nos EUA, por exemplo, tem o partido nazista, não tem relevância nenhuma. As pessoas vão olhar e falar: 'isso é ridículo, não vou fazer parte daquilo', mas tem também o outro lado: toda a liberdade tem o seu limite, você não tem uma liberdade de expressão para poder chegar dentro de um hospital e fazer uma piada com uma pessoa com síndrome de down, porque ali não é o ambiente e nem o local para isso", afirmou.




 

Ainda durante o programa, o mineiro sai em defesa do podcaster Monark, que foi demitido do Flow Podcast após defender a existência de um partido nazista. "Eu conversei com o Monark: 'você errou de pedir desculpas' [...] você nunca pode pedir desculpas para uma plateia sedenta de sangue. Sabe o que isso quer dizer? Ele [Monark] se expressou de uma maneira burra, ele falou coisas que não devia, mas é óbvio que não dá pra comparar o Monark a um genocida. A um cara que quer matar judeu, um cara que quer matar negros. A maneira como ele colocou aquilo foi uma maneira estúpida. Quando ele pede desculpa, as pessoas que estão a favor dele e entenderam o negócio, ficam assim, 'pô, você não precisa pedir desculpas, você está certo. Não certo pelo que você falou, mas certo pelo, 'a minha liberdade de expressão aqui, falei errado galera'", disse.

 

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

 

Na PGR

Diante da repercussão do vídeo, por meio de suas redes sociais, o deputado federal André Janones (Avante-MG) afirmou que sua equipe jurídica vai acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Nikolas Ferreira. Para Janones, o político do Partido Liberal "relativiza o holocausto e o nazismo".

 

"Qualquer apologia ao nazismo, ainda que disfarçada sob a manta do 'direito de expressão', deve ser punido com cassação de mandato, inelegibilidade e, a depender da gravidade do caso, com prisão! Intolerância com os intolerantes: nazistas e fascistas não passarão! Eu prometo", escreveu na publicação. 

compartilhe