Jovem Pan dá ultimato em âncora que acusou Flávio Dino de ser de facção

O âncora Tiago Pavinatto, que comanda o programa Linha de Frente, da Jovem Pan News, declarou na última sexta-feira (19/05) que o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), poderia fazer parte ou ter alguma relação com a facção criminosa do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho (CV). A emissora deu um ultimato no apresentador, temendo perda de dinheiro e sofrer sanções de anunciantes.

De acordo com as informações do colunista Gabriel Vaquer, do portal Notícias da TV, o canal de notícias deu 'um puxão de orelha' ainda na sexta, mesmo dia do comentário. A direção da Jovem Pan pediu para que Tiago dosasse as suas palavras e não repetisse nada do tipo. Ainda frissou que, se o episódio ocorresse novamente, ele poderia ser retirado do ar.

 

Vale destacar, que durante as eleições presidenciais de 2022, a emissora sofreu sanções do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) após divulgar notícias falsas contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então candidato. Em uma delas, precisou dizer que Lula não tinha pendências judiciais e que poderia disputar as eleições.

 

O temor da Jovem Pan é que a empresa volte a sofrer novas sanções em decorrência de comentários extremistas e propagação de notícias falsas por parte de sua equipe de apresentadores e comentaristas. A emissora tem tentado mudar a visão de que é um veículo bolsonarista e de extrema direita, com o objetivo de atrair público e patrocinadores. A audiência aumentou, mas muitas marcas ainda se recusam a anunciar nos intervalos da progamação.

 

Na declaração, feita ao vivo, Pavinatto pediu para Dino explicar suas visitas ao Complexo da Maré, no Rio. Para ele, isso seria um sinal de ligação do ministro com a facção, que comanda o tráfico de drogas na região. "O PCC rompe com o Comanda Vermelho pelo domínio de armas. Ora, Flávio Dino quer equipar o Exército, de acordo com o Múcio, que é o ministro da Defesa", iniciou o jornalista, se referindo a José Múcio Monteiro.

 

O comunicador prosseguiu com o discurso em que falou do ministro. "Para uma finalidade específica: tomar conta da Amazônia, que já foi tomada pelo PCC. Se o Flávio Dino, nesse entra e sai do Complexo da Maré, que ele nunca explicou, eu não posso conjecturar que, talvez, não se queira expulsar de lá o PCC por razões outras?", questionou.

 

Tiago comentou a respeito de uma fake news que já foi desmentida pelo governo petista, de que o ministro da Justiça teria visitado o Complexo sem seguranças, o que foi comprovadamente mentira. "Como é que o senhor entrou no Complexo da Maré dominado pelo Comando Vermelho? Eu tenho todo o direito de conjecturar que esse repentino interesse por armar as Forças Armadas, ao mesmo tempo em que se muda o Artigo 142, pode servir unicamente por motivo de expulsar o PCC e ajudar, talvez, facções que sejam, eventualmente amigas", afirmou.

"Para uma finalidade específica: tomar conta da Amazônia, que já foi tomada pelo PCC. Se o Flávio Dino, nesse entra e sai do Complexo da Maré, que ele nunca explicou, eu não posso conjecturar que, talvez, não se queira expulsar de lá o PCC por razões".

Nas redes sociais, Flávio Dino se revoltou com a declaração de Tiago Pavinatto. "É isso que a extrema-direita chama absurdamente de 'liberdade de expressão'. Óbvio que não é. Em nenhum país do mundo", destacou.