A jornalista Sônia Bridi, de 59 anos de idade, se comoveu em entrevista no Encontro, da TV Globo, desta terça-feira (31/01), ao comentar sobre a crise humanitária que os indígenas Yanomami vivem.




No programa comandado por Patrícia Poeta, a repórter disse que sentiu "muita raiva" ao visitar a aldeia, e explicou: "Uma raiva tremenda de a gente estar acompanhando esse caso há bastante tempo, tem anos. Já vi muita coisa acontecendo em vários lugares do mundo. Já estive em campos de refugiados, que é sempre um lugar extremamente triste. Mas o que eu vi na terra Yanomami é muito mais devastador, porque a terra é saudável". 

 

"O que a gente viu ali é a destruição da terra, o descaso que aconteceu durante quatro anos, o incentivo a uma atividade ilegal, criminosa, crime organizado, um risco à segurança nacional a presença desses bandidos em números absurdos dentro da terra Yanomami, circulando entre Brasil e Venezuela. Isso tudo levou a essa tragédia humanitária", acrescentou.

 

Sônia lembrou uma reportagem produzida pelo Fantástico em 2021. Àquela altura, a situação povo yanomamis ainda não era tão grave. Bridi também apontou que toda a tragédia é fruto de um descaso dos últimos quatro anos, em que o governo do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) permitia a ação dos garimpeiros criminosos nas terras indígenas.




 

"E não houve reação por parte do governo. Eu tava tentando entrar na terra yanonami há muito tempo, mas não tinha segurança para entrar. Como entrar em um território tomado por bandidos?", questionou.

 

"Cadê a ação para impedir que isso continuasse acontecendo? Pelo contrário, houve incentivo ao garimpo", acrescentou, destacando que nem as equipes de saúde conseguiam chegar ao território. "Como é que a gente permite que num país rico como este, numa terra saudável, se chegue a uma situação dessas? Que vergonha! A gente está no século XXI, 522 anos depois da chegada de Cabral, e a gente ainda permite a entrada de doenças e invasores para dizimar os povos originários!?", desabafou.

"Ali, você sente uma tristeza tremenda, mas também uma revolta, uma indignação, de ver que se permitiu que fosse feito isso no nosso tempo. Parecia cenas do holocausto".

Sônia Bridi ainda fez duras críticas as recentes declarações do governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), que disse que os Yanomamis vivem "no meio da mata, parecendo bicho". "Os povos indígenas têm o direito de viver a forma de vida tradicional deles. Ninguém tem que dizer para eles como eles têm que viver. Isso mostra um profundo racismo em relação aos povos originários. O racismo reduz a humanidade dos seus alvos, sempre para justificar uma exploração que é humanamente inaceitável", finalizou.




 

Vale destacar, que a maior terra indígena do Brasil, onde vivem cerca de 28 mil Yanomami, localizada em Roraima vive uma situação de crise sanitária e humanitária sem precedentes, resultado do garimpo ilegal que se instalou na região, causando contaminação dos rios e outras consequências que afetam diretamente aos que vivem por ali. As imagens de crianças, adultos e idosos em estado de desnutrição têm ganhado os noticiários nas últimas semanas, gerando comoção e revolta. 

 

Confira, abaixo, os vídeos:

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