Um minúsculo filtro colocado atrás da íris permitirá a pacientes com imperfeições na córnea enxergar melhor. Com 13 milímetros e feito em acrílico dobrável, o invento foi desenvolvido pelo oftalmologista belo-horizontino Cláudio Cançado Trindade como parte do doutorado que ele desenvolve na USP. A pesquisa foi iniciada em 2012 e, no ano passado, quando os primeiros resultados foram publicados em revistas científicas e apresentados em congressos de oftalmologia, atraiu a atenção da comunidade internacional da especialidade médica. O novo tratamento poderá, em alguns pacientes, evitar o transplante de córnea.
“O que seduz é a simplicidade do conceito. Não é caro e é prático”, afirma Cláudio Trindade. O implante será fabricado na Alemanha pela Morcher Implants, uma das mais importantes empresas de lentes intraoculares. A pesquisa tem colaboração do presidente da empresa, Olaf Morcher. Devido à inovação, o pesquisador mineiro foi premiado por entidades internacionais na área de catarata e cirurgia refrativa em quase todos os continentes.
O novo tratamento estará disponível ainda este ano no Brasil, segundo o pesquisador. A intenção é que, brevemente, esteja aberto para toda rede pública de saúde. Para que o tratamento possa se universalizar, é necessário que os médicos passem por cursos para oferecê-los aos pacientes. Com a repercussão e reconhecimento internacional, Trindade recebe diariamente solicitação de oftalmologistas de diversos países com o interesse de aprender o procedimento.
Já foram realizadas 19 cirurgias até o momento para a implantação do filtro, sendo 18 delas com pacientes do Hospital-Escola São José, da Faculdade de Ciências Médicas, e uma por um dos mais renomados oftalmologistas norte-americanos. O procedimento experimental com os pacientes que estavam em tratamento no hospital- escola foi aprovado pelo conselho de ética. Os pacientes que foram acompanhados pelo médico relataram que o implante melhorou consideravelmente a visão deles.
A prescrição é para que o dispositivo seja implantado em pacientes que não alcançariam visão satisfatória somente com a cirurgia da catarata tradicional. Muitos deles fazem o procedimento, mas, devido à presença de defeitos corneanos, continuam com dificuldade na visão. Além da indicação para pacientes que fizeram cirurgia de catarata, o tratamento poderá melhorar a visão de pacientes submetidos à antiga cirurgia da miopia, feita com bisturi, na década de 1980. Ainda é indicado a pacientes que fizeram transplante de córnea, portadores de uma deformidade corneana – chamada ceratocone – e pacientes com cicatrizes na córnea, provocadas por traumatismos, ocasionados por um ferro ou arame que atinge o olho. “Muitos desses pacientes apresentam visão ruim mesmo com óculos e se queixam de distúrbios visuais como halos de luz ao redor de pontos luminosos (farol de carro e semáforo), principalmente à noite”, afirma Trindade. O filtro também poderá ser uma alternativa de tratamento para pacientes com vista cansada.
IMPLANTAÇÃO
Ele pode ser implantado dentro do olho no momento da cirurgia da catarata ou posteriormente, até anos depois. A catarata é a opacidade progressiva do cristalino como resultado do processo natural de envelhecimento. São alterações fisiológicas que podem acometer em maior ou menor grau todas as pessoas. Muitos conseguem conviver com a perda de parte da acuidade visual, mas outros precisam ser submetidos à cirurgia. Nesses casos, é retirado o cristalino, a lente natural do olho, para a colocação de uma lente artificial intraocular no lugar. O filtro é imperceptível e não possui grau corretivo. A sua função é organizar a entrada de luz imperfeita dentro do olho, melhorando a visão.
A ideia surgiu a partir da observação de Cláudio Trindade de um hábito comum entre seus pacientes. “Muitos deles, diante da dificuldade de enxergar um objeto, fechavam as pálpebras, deixando apenas uma pequena abertura para a entrada da luz.” O que as pessoas faziam instintivamente para enxergar melhor serviu como referência para a concepção do filtro. Quando os pacientes cerram os olhos, os raios luminosos eram filtrados pela pequena abertura criada pelas pálpebras, o que melhora muito a visão.
BASE DOS ESTUDOS
Os primeiros estudos iniciaram em um laboratório de engenharia óptica, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o que levou ao desenvolvimento da patente. “O conceito atraiu o interesse de uma conceituada fábrica alemã de lentes intraoculares, que iniciou a produção dos primeiros protótipos em 2013”, relata o médico.
De cor preta, o material do filtro é, ao mesmo tempo, opaco à luz visível e transparente à luz infravermelha. “Essa característica permite que o exame de fundo de olho seja realizado depois da cirurgia, usando aparelhos que operam nessa faixa do espectro luminoso”, explica Trindade.
PREMIADOS VÁRIAS VEZES
O filtro inventado pelo oftalmologista mineiro Cláudio Cançado Trindade foi premiado pela Sociedade Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa em fevereiro do ano passado durante congresso no Rio de Janeiro. Recebeu ainda três prêmios da Sociedade Americana de Catarata e Cirurgia Refrativa em abril do mesmo ano, em Boston (EUA). Em junho, foi premiado pela sociedade europeia, em congresso em Londres. Em outubro, foi mais uma vez premiado nos EUA, agora pela Academia Americana de Oftalmologia. Em novembro, pela Associação Asiática de Catarata e Cirurgia Refrativa.
“O que seduz é a simplicidade do conceito. Não é caro e é prático”, afirma Cláudio Trindade. O implante será fabricado na Alemanha pela Morcher Implants, uma das mais importantes empresas de lentes intraoculares. A pesquisa tem colaboração do presidente da empresa, Olaf Morcher. Devido à inovação, o pesquisador mineiro foi premiado por entidades internacionais na área de catarata e cirurgia refrativa em quase todos os continentes.
O novo tratamento estará disponível ainda este ano no Brasil, segundo o pesquisador. A intenção é que, brevemente, esteja aberto para toda rede pública de saúde. Para que o tratamento possa se universalizar, é necessário que os médicos passem por cursos para oferecê-los aos pacientes. Com a repercussão e reconhecimento internacional, Trindade recebe diariamente solicitação de oftalmologistas de diversos países com o interesse de aprender o procedimento.
Já foram realizadas 19 cirurgias até o momento para a implantação do filtro, sendo 18 delas com pacientes do Hospital-Escola São José, da Faculdade de Ciências Médicas, e uma por um dos mais renomados oftalmologistas norte-americanos. O procedimento experimental com os pacientes que estavam em tratamento no hospital- escola foi aprovado pelo conselho de ética. Os pacientes que foram acompanhados pelo médico relataram que o implante melhorou consideravelmente a visão deles.
A prescrição é para que o dispositivo seja implantado em pacientes que não alcançariam visão satisfatória somente com a cirurgia da catarata tradicional. Muitos deles fazem o procedimento, mas, devido à presença de defeitos corneanos, continuam com dificuldade na visão. Além da indicação para pacientes que fizeram cirurgia de catarata, o tratamento poderá melhorar a visão de pacientes submetidos à antiga cirurgia da miopia, feita com bisturi, na década de 1980. Ainda é indicado a pacientes que fizeram transplante de córnea, portadores de uma deformidade corneana – chamada ceratocone – e pacientes com cicatrizes na córnea, provocadas por traumatismos, ocasionados por um ferro ou arame que atinge o olho. “Muitos desses pacientes apresentam visão ruim mesmo com óculos e se queixam de distúrbios visuais como halos de luz ao redor de pontos luminosos (farol de carro e semáforo), principalmente à noite”, afirma Trindade. O filtro também poderá ser uma alternativa de tratamento para pacientes com vista cansada.
IMPLANTAÇÃO
Ele pode ser implantado dentro do olho no momento da cirurgia da catarata ou posteriormente, até anos depois. A catarata é a opacidade progressiva do cristalino como resultado do processo natural de envelhecimento. São alterações fisiológicas que podem acometer em maior ou menor grau todas as pessoas. Muitos conseguem conviver com a perda de parte da acuidade visual, mas outros precisam ser submetidos à cirurgia. Nesses casos, é retirado o cristalino, a lente natural do olho, para a colocação de uma lente artificial intraocular no lugar. O filtro é imperceptível e não possui grau corretivo. A sua função é organizar a entrada de luz imperfeita dentro do olho, melhorando a visão.
A ideia surgiu a partir da observação de Cláudio Trindade de um hábito comum entre seus pacientes. “Muitos deles, diante da dificuldade de enxergar um objeto, fechavam as pálpebras, deixando apenas uma pequena abertura para a entrada da luz.” O que as pessoas faziam instintivamente para enxergar melhor serviu como referência para a concepção do filtro. Quando os pacientes cerram os olhos, os raios luminosos eram filtrados pela pequena abertura criada pelas pálpebras, o que melhora muito a visão.
BASE DOS ESTUDOS
Os primeiros estudos iniciaram em um laboratório de engenharia óptica, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o que levou ao desenvolvimento da patente. “O conceito atraiu o interesse de uma conceituada fábrica alemã de lentes intraoculares, que iniciou a produção dos primeiros protótipos em 2013”, relata o médico.
De cor preta, o material do filtro é, ao mesmo tempo, opaco à luz visível e transparente à luz infravermelha. “Essa característica permite que o exame de fundo de olho seja realizado depois da cirurgia, usando aparelhos que operam nessa faixa do espectro luminoso”, explica Trindade.
PREMIADOS VÁRIAS VEZES
O filtro inventado pelo oftalmologista mineiro Cláudio Cançado Trindade foi premiado pela Sociedade Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa em fevereiro do ano passado durante congresso no Rio de Janeiro. Recebeu ainda três prêmios da Sociedade Americana de Catarata e Cirurgia Refrativa em abril do mesmo ano, em Boston (EUA). Em junho, foi premiado pela sociedade europeia, em congresso em Londres. Em outubro, foi mais uma vez premiado nos EUA, agora pela Academia Americana de Oftalmologia. Em novembro, pela Associação Asiática de Catarata e Cirurgia Refrativa.