Revista da DC é publicada com cena de jogo do Atlético

Mineiro Eddy Barrows, responsável pela arte de 'Martian Manhunter #1', conversa com o Divirta-se sobre o novo trabalho e a cena brasileira e mineira de desenhistas

19/06/2015 09:44

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Martian Manhunter/DC Comics/Divulgação
Cena da revista mostra um sheik árabe assistindo a um jogo do time mineiro na TV (foto: Martian Manhunter/DC Comics/Divulgação)
Nesta semana foi publicada, nos Estados Unidos, a primeira revista do personagem Martian Manhunter. Mas um detalhe na publicação deve atrair a atenção dos mineiros: um dos personagens está assistindo a um jogo do Atlético.

O responsável pelo desenho é o artista paraense Eddy Barrows. "O roteiro descrevia que o Sheik estava assistindo TV, eu tomei a liberdade de por uma partida do Atlético mineiro", explicou o desenhista, torcedor do clube. Morador de Contagem, na Região Metropolitana de BH, Barrows já integrou a equipe de arte do Estado de Minas.

Eddy não estava sozinho na produção da revista. Junto com ele estava o também desenhista (e vizinho) Eber Ferreira, o escritor britânico Rob Williams e o colorista americano Gabe Eltaeb. Publicada na última quarta-feira no mercado americano, a revista Martian Manhunter #1 vem sendo um sucesso de crítica por lá.

Confira abaixo a entrevista na íntegra de Eddy Barrows ao Divirta-se, na qual o desenhista fala sobre futebol, HQs e o mercado editorial brasileiro.

Acervo Pessoal;Facebook
Mineiro Eddy Barrows assina a arte da revista de Martian manhunter (foto: Acervo Pessoal;Facebook)
Divirta-se: Eddy, na página 14 dessa edição da revista a gente tem a surpresa da imagem de um sheik árabe eu imagino assistindo a um jogo do Atlético. Você explica pra mim, sem dar spoiler, qual é o contexto daquela cena, porque aquele homem estava assistindo ao jogo?


Eddy: O roteiro descrevia que um Sheik estava assistindo TV, nada demais, eu tomei a liberdade de por uma partida do Atlético Mineiro!

Para o público aqui de Belo Horizonte que ainda não te conhece. Fale um pouco sobre seus trabalhos anteriores a este com HQs.

Eu trabalho para a DC comics (Warner Bros) desde novembro de 2004, já são quase 11 anos, sou artista exclusivo da editora desde 2006, já trabalhei em quase todos os principais títulos, Superman, Nightwing, Novos Titãs, Lanterna Verde, Liga da Justiça, Atom, Firestorm, Birds of Prey, Terra 2, Bloodhound e muitos outros...

Você trabalhou na revista com o Rob Williams, que é o escritor; Eber Ferreira que fez a arte com você e Gabe Eltaeb. Fale um pouco sobre o trabalho com eles.

Rob é um escritor inglês, é a primeira que trabalhamos juntos e está sendo fantástico a parceria, conversarmos quase que diariamente, o Gabe é um colorista Americano, já trabalhamos juntos na Liga da Justiça, é um bom colorista e tem feito um excelente trabalho no 'Martian Manhunter'. Quanto ao Eber ferreira, além de amigo, é meu vizinho, trabalhamos juntos a quase 5 anos, sempre trocamos ideias de como as páginas devem ficar na hora de finalizar e também sobre efeitos das quais o Eber é um verdadeiro gênio!

Como vocês entraram em contato para trabalharem juntos na revista?

Recebi o convite dos editores para trabalhar no 'Martian Manhunter', a principio seriam apenas duas edições e logo em seguida pularia para a serie semanal do Batman, mas quando li o script e conversei com o Rob Williams, percebi que tínhamos uma grande historia para contar, algo que surpreenderia os fãs, conversei com os editores e pedi dispensa do Batman pra ficar cuidando da arte do MM, o Eber é o meu arte-finalista oficial e veio junto, quanto ao Gabe foi escolha dos editores!

Martian Manhunter/DC Comics/Divulgação
Capa da 'Martian Manhunter #1', primeira publicação do personagem da DC (foto: Martian Manhunter/DC Comics/Divulgação)
Sobre o Martian Manhunter. Fale um pouco sobre este personagem e sua proximidade com ele.


O Caçador de Marte como é conhecido aqui no Brasil, era um personagem pouco explorado no universo DC. Mesmo fazendo parte da Liga da Justiça, há tempos ele não tinha uma revista própria. Creio que isso me cativou a encarar esse desafio de frente. Temos um personagem cativante, enigmático, com poderes além da imaginação que estamos explorando ao máximo. Adoro o fato dele ser um metamorfo, pude desenha-lo como um dragão de marte e as idéias não param de surgir, melhor parar de falar se não acabo entregando algum spoiler... [risos]

Alguns reviews apontam que vocês trabalharam em um novo herói na revisita, ou pelo menos um Martian mais sombrio, digamos. Quais foram as suas referências na hora de desenvolver o conceito e fazer a arte da revista?

Visualmente, eu estudei um pouco os antigos faraós para desenvolver o novo visual. Quanto ao conceito sombrio, isso varia muito da trama, temos pequenas historias que vão se somando a historia principal e cada uma delas tem um tom diferente. Com o Mister Biscuit e as crianças eu trabalho mas como se fosse um conto de fadas, uma historinha engraçada, com os aliens a coisa é diferente, é mas sombrio. Temos a primeira aparição do Martian Manhunter, algo bem épico, heróico, então temos uma história com muitas facetas, por isso que ela é tão interessante!

Como está o cenário brasileiro dos desenhos? Tem muita gente publicando no mercado externo? O país se configura como um expoente no contexto mundial?

Sim, claro, o Brasil é um celeiros de grandes artistas, podemos ver isso pela quantidade de eventos de quadrinhos que tem surgido nos últimos anos. De Norte a Sul do pais tem eventos surgindo e claro, aqui em Minas não é diferente, temos o FIQ que é um dos maiores eventos da America Latina e referencia para muitos artistas envolvidos com a nona arte e apaixonados por esse tipo de literatura. Já tivemos a presença de mais de 145 mil pessoas no evento em 2011. Agora tem o CCXP em São Paulo que tem arrastado multidões do Brasil inteiro e também de vários países da America Latina. Com os eventos, surgem novos artistas, pessoas buscando seu espaço, nem sempre com publicações do gênero de super-hérois, mas também autoral, infantil, cartum e uma vasta gama de diversidade para todos os gostos!

E aqui em Minas Gerais? Temos bons desenhistas mineiros conquistando destaque internacional?

Sim, Minas foi a capital brasileira dos quadrinhos durante vários anos seguidos, com isso surgiu grandes artistas como Eber e Julio Ferreira, Ig Guara, Rodney Buchemi, Cris Bolson, Sidney Teles, Lélis, Quinho, Ricardo Fraga, Vitor e Lu Cafaggi, Eduardo Damasceno, Will Conrad, Will Rios... são tantos nomes, a lista é grande e não para de crescer, alguns trabalham para o mercado americano, outros, para o mercado nacional e alguns para o mercado Europeu. Sou feliz por morar num lugar aonde abriga tantos talentos!

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